Este é um descritor quase enigmático, mas constantemente utilizado pelos enófilos:
- “vinho bem estruturado”;
- “este vinho tem estrutura”.
Esta expressão, traduzida de outros
idiomas, sempre induz uma ideia mais ligada à engenharia ou arquitetura,
algo como estrutura de concreto ou metálica. Raramente empregamos este
substantivo para qualificar um livro ou uma decoração, mas poderíamos
usá-lo sem problemas.
Vinhos têm uma estrutura, basicamente
composta por elementos como a acidez e os taninos, já comentados, além
do teor alcoólico, doçura e algumas características com definições
bastante complexas, como o conceito de mineralidade.
O relacionamento entre todas estas
características vai definir o comportamento de nossa bebida favorita
tanto no olfato quanto no paladar.
Embora a estrutura não seja usada como um
descritor para sabores, sem ela o vinho seria insosso, insípido.
Segundo os especialistas, a melhor maneira de se perceber a estrutura
seria abstendo aromas e sabores.
Para um melhor entendimento deste
descritor, resumimos a influência dos principais elementos que compõem a
estrutura de um vinho:
Álcool – com sua textura levemente
viscosa, contribui para compor o corpo do vinho. Altos teores significam
vinhos mais encorpados e estruturados. A tabelinha abaixo ajuda a
explicar esta classificação:
Baixo teor – 10 a 12%
Médio teor – 12,5 a 13,5%
Alto teor – 14 a 15,5%
Nas condições normais a fermentação não
passa de 16% o que significa que um vinho com teor maior que este
recebeu a adição de álcool.
Exemplo: Vinho do Porto.
Taninos – são mais perceptíveis por
trazer a sensação de adstringência e um pouco de amargor. Alguns tipos
de taninos são pigmentos, o que vai influenciar na coloração. Vinhos
tânicos são longevos, outro fator determinante para a compreensão da
estrutura. Por todas estas características o Tanino é considerado a
espinha dorsal do vinho. Os excessos são contrabalançados pelo teor
alcoólico, que introduz viscosidade e pela acidez.
Acidez – este é o segundo elemento em
importância. Sem ele não teríamos a sensação de frescor que ajuda a
tornar o vinho uma bebida agradável. Fundamental para equilibrar os
taninos, é responsável por “limpar” os sabores, deixando uma sensação de
clareza.
Doçura – um elemento que depende
diretamente do teor alcoólico. Pode parecer fácil detectar o açúcar num
vinho, mas na prática pode ser muito complexo. Mesmo os tintos mais
secos contêm uma boa quantidade de doçura residual que é mascarada pelo
trinômio Tanino – Acidez – Álcool. Da mesma forma que o teor alcoólico, aumenta a viscosidade do vinho o tornando “macio” ao nosso paladar.
Analisar a estrutura de um vinho não é tarefa fácil exigindo uma série de etapas:
Cor e transparência – na maioria das
vezes, quanto mais escuro e opaco, mais encorpado o vinho, mas existem
castas que são exceções importantes, como a Nebbiolo. Seus principais
vinhos (Barolo, Barbaresco e Nebbiolo) são de coloração mais clara e
transparente, porém extremamente estruturados.
Lágrimas – ao girar suavemente a taça,
percebe-se um depósito claro e viscoso no corpo do envase. São as
“Lágrimas”, uma indicação da presença do Glicerol, um tipo de álcool.
O tempo de permanência destes depósitos é
a chave para a estrutura: quanto mais tempo permanecerem visíveis, mais
encorpado e estruturado o vinho.
Paladar – vinhos muito estruturados são
pesados e difíceis de beber. Vinificados para envelhecer, precisam de
tempo para “amaciar”. Por esta razão sempre passam por madeira, outro
indicativo para se perceber a estrutura.
Para estes vinhos o melhor é sempre acompanhá-los com boa comida: carne vermelha, de caça ou queijos maturados.
Estruturas determinam no final se
gostamos ou não de um vinho. Este é o segredo por trás de "gosto de
Merlot" e "não gosto de Cabernet".
Compreender esta característica, em toda
sua dimensão, é considerado como o principal ponto para quem deseja ir
um passo além de, apenas, degustar um bom vinho.
Dica da Semana: um vinho argentino bem estruturado.
Zuccardi Série A Cabernet Sauvignon 2013
A linha Serie A é uma homenagem à Argentina.
Malbec é a uva símbolo do país.
O resultado é um vinho que expressa todo potencial do terroir.
Um Cabernet típico com aroma intenso de cassis e groselha e um toque de pimentão verde.
Um vinho estruturado e com taninos integrado.
Ótima companhia para massas com molhos condimentados, para acompanhar carnes vermelhas e queijos de massa maturada.
Ótima companhia para massas com molhos condimentados, para acompanhar carnes vermelhas e queijos de massa maturada.
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