#3 – Para as Damas o vinho deve ser leve, rosado e doce ou “Mulheres não bebem vinho tinto”...
Este mito é o
oposto do anterior, publicado na coluna da semana passada. Outra
mentira deslavada. Há vários caminhos para desmontar esta inverdade, o
mais simples deles é nos lembrarmos do delicioso Vinho do Porto, um
favorito de ambos os sexos. Embora existam versões em branco e em
rosado, o tradicional é tinto e doce existindo, também, os estilos Dry
(seco) e Semi-Sweet (meio doce).
Mas a melhor
maneira de demonstrar como é falso este conceito é falar de enólogos, ou
melhor, de enólogas, fantásticas mulheres que conseguiram se sobressair
num mundo que, até bem pouco tempo, era 100% masculino. E não são
poucas: perceberam, finalmente, que elas têm mais sensibilidade para
criar vinhos!
Portugal é um
dos produtores que apostam nas mãos femininas há algum tempo. Poderia
citar um punhado de nomes, mas fico com uma das mais famosas para os
brasileiros, Filipa Pato, filha de Luís Pato, um dos mais importantes
enólogos portugueses.
"Se eu não vivesse no meio das vinhas, nunca poderia pensar em fazer vinho".
Na terra dos vinhos tintos generosos e fortes, Filipa é uma apaixonada pelo que faz e incansável “workaholic”: além de trabalhar na empresa de seu pai, tem sua própria marca “FP” e ainda encontra tempo para se dedicar a uma empresa de exportação, a “Vinhos Doidos”.
Na Argentina
vamos encontrar outro grupo feminino muito importante. Já mencionei aqui
o vinho Vida e Alma Malbec, “filho único” de três enólogas, Marcela
Casteller, e as irmãs Graciana e Eloisa Moneret. Outra enóloga de ponta é
Andrea Marchiori sócia da cultuada Viña Cobos, profissional
respeitadíssima. Seus vinhos da categoria Ultra Premium são distinguidos
com as mais altas notas em todo o mundo.
Mas o grande
exemplo é Suzana Balbo, enóloga e proprietária da “Domínio del Plata”,
considerada como a Grande Dama do Vinho Argentino e que nos brinda com
vinhos das linhas que levam seu nome (Suzana Balbo); Crios; Benmarco;
Virtuoso; Nosotros e Anubis.
Consultora internacional de vinhos,
por mais de 20 anos, decidiu em 1999 realizar o sonho de ter sua própria
vinícola, escolhendo Lujan de Cuyo como seu terroir. O sucesso chegou
rapidamente e se mantém até hoje. Desde 2009, conta com a ajuda de seu
filho, José, enólogo formado na Universidade de Davis, Califórnia, e de
sua filha Ana, graduada em Administração. Outro sonho realizado.
Embora não
sejam formadas em enologia, duas outras “winemakers” promovem grandes
revoluções no vinho argentino: Adriana Catena, filha do lendário Nicolas
Catena Zapata, com sua inovadora vinícola “El Enemigo” e Alícia Mateu
Arizu, proprietária da Viña Alicia e esposa de Alberto Arizu da Luigi
Bosca.
O Chile
também é pródigo em mulheres comandando a enologia de grandes vinícolas.
Podemos citar, entre muitas, Cecilia Guzmán que está à frente da
excelente Haras de Pirque (já recomendamos o Equus) e Paula Muñoz que
conduz a inigualável Casa Lapostolle (Clos Apalta) pelos caminhos da
excelência.
Na França as
mulheres estão dando as cartas nas principais áreas produtoras, sejam
enólogas ou eficientes dirigentes do negócio, uma tradição que remonta a
1805 quando Nicole-Barbe Ponsardin ficou viúva de François Clicquot e
assumiu os negócios da família. Com mão de ferro eternizou a Marca Veuve
Cliquot conhecida em todo o mundo. Catherine Péré Vergé, recentemente
falecida, é outro grande exemplo. Totalmente dedicada ao seu negócio que
envolve as vinícolas Chateau La Violette, Chateau Le Gay e Chateau
Montviel em Pomerol, La Graviere em Lalande-de-Pomerol, e a Bodega
Monteviejo na Argentina. Supervisionava pessoalmente desde a poda até a
venda de seus vinhos. Poderia citar, tranquilamente, mais uma dezena
delas.
Talvez o
exemplo mais impressionante venha da Itália, dentro da família Antinori,
produtores de joias como Tiganello, Solaia, Guado al Tasso e Cervaro
della Sala. A empresa, que por 26 gerações foi comandada exclusivamente
por varões, agora passa o bastão para 3 mulheres, filhas de Piero
Antinori, atual comandante, que não teve filhos homens.
Albiera, Allegra, e Alessia estão
promovendo uma fantástica modernização desta importante empresa, em
todos os sentidos, para que ela dure, no mínimo, outras 26 gerações
mantendo tradição e qualidade. A nova sede da empresa, localizada numa
colina próxima a Florença, no coração da Toscana, tem um projeto
futurista e espetacular que representa fielmente a linha de trabalho
atual. A um custo de 67 milhões de Euros, construíram o que poderia ser
chamado de um castelo moderno, com total respeito ao meio ambiente: a
vinícola fica “enterrada”. A imagem, fala por si.
Mais fotos neste link (role a tela): http://www.archea.it/pt-br/vinicola-antinori/
Agora, queridos leitores, imaginem se “elas” não bebessem vinhos tintos...
Agora, queridos leitores, imaginem se “elas” não bebessem vinhos tintos...
Dicas da Semana 1: para saber mais sobre a história da família Antinori, não deixem de ler este livro. Pode ser um belo presente para seu “amigo oculto”
É o relato, em primeira pessoa, do atual patriarca
Piero Antinori. O livro é uma biografia de sua família e, também, de
suas sete criações – os vinhos Montenisa Rosé, Villa Antinori, Solaia,
Tignanello, Cervaro Della Sala, Antica Napa Valley Cabernet Sauvignon e
Mezzo Braccio Monteloro.
Dica da Semana 2: Como ninguém é de ferro, vamos ao vinho, uma homenagem à Dama do vinho Argentino.
Com
bela e intensa coloração violeta tem marcantes aromas de mirtilo,
cerejas negras e violetas, amparado por notas de madeira e menta. Mesmo
perfil de aromas se repete no paladar, com presença de ameixas maduras,
baunilha e chocolate amargo. Seu paladar é redondo e de grande
persistência.
Harmonização: carnes vermelhas grelhadas, queijos variados.
Harmonização: carnes vermelhas grelhadas, queijos variados.






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