Era pequeno
mesmo e bem que o título de hoje poderia ser substituído por “A Dois”.
Éramos eu e minha esposa, só. Temos esta cumplicidade e o gosto por bons
vinhos e boa gastronomia. Sempre que viajamos ficamos atentos às
novidades em ambos os campos.
Uma das
viagens de maior expectativa e que resultou num programa totalmente
diferente do que pretendíamos foi uma viagem ao Chile. Havíamos comprado
as passagens com alguma antecedência, só não podíamos prever o grande
terremoto de 2010. Pegou-nos de surpresa!
Viajamos no
limite de validade de nossos bilhetes, alguns meses depois da
catástrofe. Infelizmente as vinícolas estavam todas fechadas para
reformas, algumas foram muito danificadas. Houve uma única exceção, a
Vinícola Santa Rita próxima à capital Santiago. Fomos muito bem
recebidos e degustamos um bom almoço no restaurante improvisado numa
tenda, regado com o excelente Medalla Real.
Com a falta
do principal objetivo de visitar as principais produtoras de vinhos,
optamos por fazer um programa bem turístico, compras, excursões, city
tour, museus, como qualquer outro viajante comum.
Descobrimos coisas bem interessantes e outras bem frustrantes, por exemplo: o chileno não tem o hábito de beber vinhos. Por esta razão, as maiorias das lojas de vinhos de Santiago são para turistas, com um catálogo de produtos mais que convencional e conservador. Chegava a ser decepcionante. Lindas lojas que ofereciam do manjadíssimo ‘Casillero del Diablo’ ao caro Don Melchor, tudo muito convencional, zero de novidades.
Descobrimos coisas bem interessantes e outras bem frustrantes, por exemplo: o chileno não tem o hábito de beber vinhos. Por esta razão, as maiorias das lojas de vinhos de Santiago são para turistas, com um catálogo de produtos mais que convencional e conservador. Chegava a ser decepcionante. Lindas lojas que ofereciam do manjadíssimo ‘Casillero del Diablo’ ao caro Don Melchor, tudo muito convencional, zero de novidades.
Como bom
‘Aquariano’, não era isto que queria. Naquela época começou a surgir o
movimento dos vinhos de garagem, MOVI (Movimiento de Viñateros
Independientes), com alguns rótulos já lançados no mercado. Mas não
estávamos seguros do que comprar...
A busca
continuou por alguns supermercados, shoppings e lojas de rua, mas o
quadro se repetia. Não me recordo da razão, acho que foi um pouco pela
distância, deixamos para visitar o Shopping Alto las Condes já na
véspera de retornamos.
Situado no
mais elegante bairro da capital, é conhecido como um local para pessoas
de maior poder aquisitivo, ao contrário do Parque Arauco que é mais
popular. Havia uma loja de vinhos a omnipresente ‘El Mundo del Vino’ e
um clube, La CAV ou ‘Club de Amantes del Vino’. Esta era novidade,
entramos e fomos recebidos em português por uma simpática brasileira que
ali trabalhava. Ponto positivo, mas ficamos intrigados com a rapidez da
identificação, será que estávamos tão óbvios assim? A explicação veio
em seguida, ela havia nos escutado ao decidirmos visitar a loja.
Muito
interessante, começando pela organização das prateleiras, arrumadas pela
qualidade seguindo um ranking próprio a partir das preferências dos
clientes em degustações promovidas regularmente. Havia vinhos de
diversos países, inclusive do Chile. Esta democracia enológica nos
encantou. Fomos convidados para uma degustação. Não era vinho comum, só
top de linha!
Perfeito, finalmente encontramos o que queríamos!
Uma das
compras foi o melhor vinho provado, o Coyam, produzido com uvas de
cultivo orgânico e considerado um ícone internacional. Ficamos com um
2007 que foi degustado ‘a dois’ nesta semana que passou. Os 6 anos de
repouso lhe fizeram bem, o vinho estava delicioso. Um daqueles que ao
ser consumido não deixa dúvida que é um grande vinho, até mesmo para um
leigo.
O corte,
naquela safra, foi elaborado com 38% Syrah, 21% Cabernet Sauvignon, 21%
Carménère, 17% Merlot, 2% Petit Verdot e 1% Mourvedre. Uma verdadeira
alquimia. Uma vinificação cheia de cuidados como a tripla seleção manual
dos grãos, fermentação com leveduras naturais, longo de tempo de
maturação com as casacas e 13 meses de amadurecimento em barris de
carvalho de 1º uso, 80% franceses e 20% americanos.
Esta delícia
tinha uma cor violeta bem marcante e aromas de frutas negras maduras,
frutas vermelhas, groselha e frutos do bosque, em sintonia com as notas
de baunilha da madeira, furtivas notas minerais, caramelo e chocolate.
Excelente equilíbrio no palato, ótimo corpo, arredondado, taninos
presentes e suaves. Um final interminável. Um vinho que pode ser
guardado por 14 ou 15 anos. Tem estrutura para tal.
Na
gastronomia é um vinho complexo que pede pratos bem elaborados como
carnes de 1ª linha grelhadas, gado Wagyu, Angus ou carneiro, acompanhado
de batatas gratinadas, arroz e molhos condimentados.
Não é para qualquer um, mas não tem preço exorbitante, por isto mesmo é a nossa...
Dica da Semana: um belo vinho do chileno, ótimo companheiro para estes dias mais frios.
Coyam 2010
Castas: 34% Syrah, 31% Merlot, 17% Carmenére,12% Cabernet Sauvignon, 3% Malbec e 2% Mourvedre
Um excelente investimento para o futuro
90 Pontos - Robert Parker (Safra 2009), 90 Pontos - WineSpectator (Safra 2009)



Nenhum comentário:
Postar um comentário