Entra ano,
sai ano, quanto chega o período frio para os cariocas fazemos uma
reunião para ‘abrir’ a temporada de degustar vinhos tintos. Neste 2013
não foi diferente. Convidamos três casais bons de taça e preparamos uma
bela noitada.
Minha esposa havia chegado de viagem trazendo alguns queijos pouco comuns por aqui: um Stilton e um Cheddar ingleses e 2 queijos de leite de cabra produzidos em Chipre. Acrescentamos um viés árabe composto de Hummus, coalhada seca e Manouche. Cestas com alguns tipos de pães e torradas completavam a mesa de beliscos. Mas tarde, dependendo da disposição da turma, serviríamos um prato quente.
Minha esposa havia chegado de viagem trazendo alguns queijos pouco comuns por aqui: um Stilton e um Cheddar ingleses e 2 queijos de leite de cabra produzidos em Chipre. Acrescentamos um viés árabe composto de Hummus, coalhada seca e Manouche. Cestas com alguns tipos de pães e torradas completavam a mesa de beliscos. Mas tarde, dependendo da disposição da turma, serviríamos um prato quente.
Para iniciar os trabalhos abrimos um Primitivo di Manduria SUD Feudo San Marzano safra 2010.
Esta garrafa
foi fruto de uma extensa negociação na compra de uma caixa do famoso
Tiganello. Após muito papo, duas garrafas deste primitivo foram
acrescidas, sem custo, ao pacote.
Na Puglia,
esta casta irmã da californiana Zinfandel e da croata Crljenak
Kastelanski produz vinhos encorpados, escuros, redondos e aromáticos,
muito fáceis de beber. Era fácil distinguir aromas de ameixas e cerejas
maduras, notas de baunilha e cacau e muita fruta no paladar. Um ótimo
começo de noite.
As taças
secaram rapidamente e logo passamos para a segunda garrafa. Partimos
para os argentinos: Goulart The Marshall Malbec, safra 2008. Um vinho de
respeito com uma bela história. O nome é uma homenagem ao fundador
desta vinícola, o Marechal Gastão Goulart, que lutou na Revolução
Constitucionalista de 1932 no Brasil. Exilado na Argentina, adquiriu o
vinhedo em 1915, na região de Lunlunta, em Lujan de Cuyo.
Após muitos
anos de abandono, sua sobrinha, a paulista Erika Goulart, assumiu a
propriedade no ano de 1995, iniciando a recuperação do vinhedo e a
construção da vinícola. A primeira vinificação foi em 2002 e desde
então, seus produtos tem recebidos elogios da crítica e prêmios nos mais
importantes concursos internacionais. Esta safra de 2008 recebeu 91
pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Enthusiast. É considerado um
‘Best Buy’.
Com uma bela
cor rubi intenso, tem aromas de frutos negros, tabaco e especiarias. No
paladar percebe-se um bom corpo, taninos arredondados, frutos negros,
pimenta e uma discreta baunilha devido ao envelhecimento em madeira. Um
ótimo vinho que preparou a turma para o que viria em seguida.
O terceiro
vinho da noite era algo muito especial. Outro argentino, o Petit Caro,
uma ‘joint venture’ entre o respeitado Nicolas Catena Zapata e o Barão
Rothschild, daí o nome: CAtena + ROthschild. Esta garrafa estava
guardada, há algum tempo, para ser degustada junto com o ‘Caro’,
carro-chefe desta vinícola. Simplesmente não aconteceu e por ser da
safra de 2006 estava na hora de consumi-lo.
Este
brilhante corte de Cabernet Sauvignon e Malbec não é mais produzido,
tendo sido substituído pelo rótulo Amancaya. Isto tornou esta garrafa
uma raridade. Foi degustado no ponto certo. Notava-se a evolução deste
vinho já na cor, com notas de vermelho atijolado. Nos aromas, alguns
terciários como couro e tabaco, mas ainda muita fruta, boa acidez,
taninos equilibradíssimos. Muito gostoso de beber, um p*** vinho segundo
um dos degustadores.
Resolvemos
servir o prato quente, o momento era adequado. Uma curiosa receita à
base de palmito, queijo Emmental e queijo Gruyère, preparados com um
molho de creme de leite, tomate e diversos temperos. Apelidamos de
‘Strogonoff de Palmito’. Servido com arroz e batata palha, foi o sucesso
da noite, todos queriam a receita. Obviamente, as taças estavam secas.
Hora de mais um vinho: o Lindaflor Petite Fleur 2009 da vinícola
Monteviejo.
Uma escolha
para reverenciar Catherine Péré Vergé, a proprietária da Monteviejo,
recém-falecida. Ela foi uma das pioneiras do projeto de Michel Rolland
em Mendoza, o Clos de los Siete. Sua vinícola foi a 1ª a ser construída e
vem elaborando verdadeiras joias. Esta é uma delas. Um delicioso corte
de Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com coloração púrpura
intensa. No nariz, aromas frutados e condimentados com notas de violeta e
baunilha. No palato percebiam-se os taninos macios e sabor arredondado e
ótima permanência. Excelente!
Estes dois vinhos harmonizaram perfeitamente com o ‘strogonoff’.
Era hora de
fazer outra mudança. O próximo vinho seria de corpo infinitamente mais
leve, já pensando na sobremesa: um Pinot Noir da Patagônia, o Reserva
del Fin del Mundo 2010.
Um produto de
alta qualidade, mas acho que servido na hora errada. Muito bem
elaborado, apresenta a característica cor vermelho-grená. Aromas de boa
intensidade remetendo a frutos silvestres, tabaco, terra e especiarias.
Na boca é leve e equilibrado, taninos macios, boa acidez e corpo médio.
O problema
foi que a ‘turma’ queria ‘caldos’ mais encorpados e, frente ao que já
fora servido, achou este meio sem graça. Mas era outro grande vinho.
Devidamente
pressionados a voltar ao ritmo anterior apresentamos um dos nossos
trunfos: Viña Cobos Bramare, Cabernet Sauvignon, 2008. Um vinho de preço
alto mesmo na Argentina, elaborado sob a supervisão do ‘Rei’ dos
Cabernets californianos, Paul Hobbs e que recebeu 93 pontos de Parker.
Não era para qualquer um...
Pediram e
levaram! Um vinho intimidador. A turma engoliu em seco e fez-se aquele
silêncio sepulcral. Quase numa única voz perguntaram: o que é isto?
A resposta?
Fácil, um
vinho elaborado pela mais sofisticada vinícola boutique da Argentina. E
nem era um dos top que chegam a ser vendidos por US$1,000.00. A
denominação Bramare é a segunda linha da empresa e custa 1/10 deste
valor citado. Mas vale cada centavo.
Uma belíssima
tonalidade rubi saudava a nossa visão nas taças. A impressão olfativa
remetia a groselha, cedro e grafite com notas de especiarias como cravo e
pimenta do reino. No paladar o espetáculo continuava: amoras, figos,
café, tabaco e cacau. Uma cascata de sabores encantadores. Perfeitamente
equilibrado, final agradável e persistente. Um vinhaço!
Devidamente
vingados pela desfeita que fizeram com o Pinot Noir, nos despedimos de
nossos amigos que já estão aguardando o próximo encontro. Até lá,
ficamos com a ...
Dica da Semana: não foi um dos que servi neste encontro, mas é um belo vinho e com ótima relação custo x benefício.
Salton Classic Reserva Cabernet Sauvignon
Elaborado a partir da variedade Cabernet Sauvignon. O vinho é fermentado por 15 dias e amadurecido por até 6 meses em barricas de carvalho norte-americano. Vinho límpido, com coloração roxo amora madura. Nariz complexo, frutos vermelhos, especiarias, uva passa, pimenta, eucalipto, violetas, ameixa passa, excelente permanência do sabor.








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