sexta-feira, 20 de março de 2015

Quais os reais benefícios do vinho para a saúde?

O vinho tem sido usado como um medicamento há muito tempo. Hoje é fato conhecido que as primeiras vinificações ocorreram 8.000 anos atrás na região da Europa conhecida como Geórgia. Egito e Grécia também já produziam vinhos naquela época.


Particularmente ávidos eram os Egípcios, evidências arqueológicas mostram que elaboravam tintos e brancos. Descobertas mais recentes concluíram que muitos destes vinhos eram infundidos com diferentes ervas, as mesmas usadas pela medicina de então, o que sugere que a bebida era usada como medicamento ou pelo menos como agente para ministrar um remédio. Coentro, salsa, resina de pinho, entre outras, eram comumente usados como analgésicos, preservativos e desinfetantes.


Na Grécia antiga não era diferente. Hipócrates indicava o vinho como um dos seus poderosos medicamentos: auxiliava tanto na cura da diarreia como diminuía as dores do parto. Usava como antisséptico em lugar da água, muito contaminada então. Outro adepto destas técnicas era o naturalista romano Plínio, o velho: “o vinho delicia o estômago e cura aflições”.


Vários textos sagrados mencionam o vinho como uma possível cura. O Talmude afirma que quando não há vinho outros medicamentos serão necessários. Na Bíblia, em Timóteo 5:23 pode-se ler a recomendação de São Paulo:


“Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades”.


Uma interessante curiosidade liga o vinho e a Coca Cola, outra bebida à qual se atribuem alguns efeitos terapêuticos: ela seria uma versão americanizada de um “vinho” Bordalês, conhecido como Vin Mariani, uma mistura de um bom tinto com folhas de coca. Teoricamente o álcool seria capaz de absorver as propriedades da cocaína transformando esta bebida num poderoso tônico. Até o Papa apreciava. Em 1885, um farmacêutico de Atlanta, John Pemberton, começa a produzir sua própria versão que vendia como “French Wine Coca”, mais tarde Coca Cola.


A ideia de pesquisar as propriedades curativas do vinho nunca morreu e até hoje são gastas grandes somas de dinheiro para financiar os mais diversos estudos. Alguns, como a descoberta do antioxidante Resveratrol foram muito divulgados e badalados, mas com resultados efetivos ainda questionados.


Estudos recentes mostram:


1. Estimula a longevidade – de acordo com pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, este seria um dos benefícios do Resveratrol. Uma pesquisa finlandesa realizada durante 29 anos demonstrou que houve um decréscimo de 34% na taxa de mortalidade entre os que consumiam vinho, comparados com outras pessoas que preferiam cerveja ou destilados;


2. Melhora a memória – principalmente a memória recente, mais um benefício do Resveratrol;


3. Reduz o risco de doenças cardíacas – um estudo de 2007 sugere que a Procianidina, um composto encontrado nos taninos dos vinhos tintos, ajuda a manter a saúde cardiovascular. As mulheres são mais beneficiadas que os homens neste caso. O consumo do vinho deve ser moderado 1 ou 2 taças por dia;


4. Preventivo da catarata – ficou demonstrado que o consumo moderado e regular de vinho diminuiu em 32% a incidência deste problema ocular;


5. Diminui o risco de câncer – pesquisadores da Universidade da Virginia (EUA) acreditam que o Resveratrol é capaz de inibir uma proteína chave no desenvolvimento de células cancerosas;


6. Previne cáries – os polifenóis presentes no vinho tinto teriam a capacidade de diminuir significativamente o crescimento das bactérias que provocam a cárie;


7. Reduz o colesterol – algumas castas têm fibras benéficas ao nosso organismo, entre elas a Tempranillo, o que induz a redução do LDL (colesterol ruim).


8. Diminui o risco de contrair resfriados – os antioxidantes no vinho tinto teriam esta capacidade, desde que se crie o hábito de consumir, no mínimo, 14 taças por semana (2 por dia). Pesquisas demonstraram que houve uma redução de 40% no índice de resfriados em ambientes controlados.


Mas nem tudo é 100% correto nestas pesquisas. Há sempre alguém preocupado em demonstrar que a realidade pode ser outra. Nosso pseudo vilão é um importante cientista, o Dr. Richard Semba, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Ele conduziu por 9 anos um abrangente estudo numa pequena vila em Chianti, Itália. Seus voluntários eram os moradores, todos consumidores habituais de vinho, um grupo de 768 homens e mulheres, que foram acompanhados por exames clínicos regulares.


A conclusão é um verdadeiro balde de água fria:


“Nós procuramos estabelecer uma relação entre os níveis de Resveratrol e uma série de problemas de saúde como câncer, doenças cardíacas e até mesmo longevidade. Não foi detectada nenhuma correlação”.


Aparentemente a grande diferença entre este e outros estudos está no fato que foram efetivamente medidos os níveis do antioxidante através dos exames de urina. Os níveis eram extremamente baixos e não trariam nenhum benefício.


Para o nosso organismo absorver uma quantidade significativa e termos alguma vantagem seria necessário consumir cerca de 100 taças por dia, o que nos traria outros problemas.


Ainda há muito a ser descoberto, e este primeiro resultado negativo de uma pesquisa não invalida as qualidades benéficas do vinho. O próprio Dr. Semba admite:


“Eu não creio que este estudo projete uma sombra negativa no vinho (ou no chocolate outra fonte do antioxidante). O que realmente aprendemos é que alimentos são complexos, e o vinho muito mais ainda. Não se pode simplesmente atribuir efeitos benéficos a um único componente como o Resveratrol. Então continue apreciando vinho ou chocolate desde que não os esteja consumindo só para atingir a cota de antioxidante”.
Dica da Semana:  já podemos pensar num bom tinto. Este surpreendeu num recente encontro de apreciadores.

Dal Pizzol Merlot 2012
Vinho requintado de cor intensa, potente, vermelha rubi com tons violáceos. Aroma pronunciado harmonizando a fruta com um toque de complexidade. Sabor persistente, com bom “volume de boca”, encorpado, harmônico com taninos aveludados.

Muito versátil, harmoniza com: vitela, rosbife, bacalhau, massas com molhos de carne, aves bem condimentadas, pato ou ganso, carne de porco, cordeiro, foie gras, suflês, queijos tipo gorgonzola, brie, roquefort, port salut.

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