O vinho tem sido usado como um medicamento há muito
tempo. Hoje é fato conhecido que as primeiras vinificações ocorreram
8.000 anos atrás na região da Europa conhecida como Geórgia. Egito e
Grécia também já produziam vinhos naquela época.
Particularmente ávidos eram os Egípcios,
evidências arqueológicas mostram que elaboravam tintos e brancos.
Descobertas mais recentes concluíram que muitos destes vinhos eram
infundidos com diferentes ervas, as mesmas usadas pela medicina de
então, o que sugere que a bebida era usada como medicamento ou pelo
menos como agente para ministrar um remédio. Coentro, salsa, resina de
pinho, entre outras, eram comumente usados como analgésicos,
preservativos e desinfetantes.
Na Grécia antiga não era diferente.
Hipócrates indicava o vinho como um dos seus poderosos medicamentos:
auxiliava tanto na cura da diarreia como diminuía as dores do parto.
Usava como antisséptico em lugar da água, muito contaminada então. Outro
adepto destas técnicas era o naturalista romano Plínio, o velho: “o
vinho delicia o estômago e cura aflições”.
Vários textos sagrados mencionam o vinho
como uma possível cura. O Talmude afirma que quando não há vinho outros
medicamentos serão necessários. Na Bíblia, em Timóteo 5:23 pode-se ler a
recomendação de São Paulo:
“Não continue a beber somente água; tome
também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas
frequentes enfermidades”.
Uma interessante curiosidade liga o vinho
e a Coca Cola, outra bebida à qual se atribuem alguns efeitos
terapêuticos: ela seria uma versão americanizada de um “vinho” Bordalês,
conhecido como Vin Mariani, uma mistura de um bom tinto com folhas de
coca. Teoricamente o álcool seria capaz de absorver as propriedades da
cocaína transformando esta bebida num poderoso tônico. Até o Papa
apreciava. Em 1885, um farmacêutico de Atlanta, John Pemberton, começa a
produzir sua própria versão que vendia como “French Wine Coca”, mais
tarde Coca Cola.
A ideia de pesquisar as propriedades
curativas do vinho nunca morreu e até hoje são gastas grandes somas de
dinheiro para financiar os mais diversos estudos. Alguns, como a
descoberta do antioxidante Resveratrol foram muito divulgados e
badalados, mas com resultados efetivos ainda questionados.
Estudos recentes mostram:
1. Estimula a longevidade – de acordo com
pesquisa da Escola de Medicina de Harvard, este seria um dos benefícios
do Resveratrol. Uma pesquisa finlandesa realizada durante 29 anos
demonstrou que houve um decréscimo de 34% na taxa de mortalidade entre
os que consumiam vinho, comparados com outras pessoas que preferiam
cerveja ou destilados;
2. Melhora a memória – principalmente a memória recente, mais um benefício do Resveratrol;
3. Reduz o risco de doenças cardíacas –
um estudo de 2007 sugere que a Procianidina, um composto encontrado nos
taninos dos vinhos tintos, ajuda a manter a saúde cardiovascular. As
mulheres são mais beneficiadas que os homens neste caso. O consumo do
vinho deve ser moderado 1 ou 2 taças por dia;
4. Preventivo da catarata – ficou
demonstrado que o consumo moderado e regular de vinho diminuiu em 32% a
incidência deste problema ocular;
5. Diminui o risco de câncer –
pesquisadores da Universidade da Virginia (EUA) acreditam que o
Resveratrol é capaz de inibir uma proteína chave no desenvolvimento de
células cancerosas;
6. Previne cáries – os polifenóis
presentes no vinho tinto teriam a capacidade de diminuir
significativamente o crescimento das bactérias que provocam a cárie;
7. Reduz o colesterol – algumas castas
têm fibras benéficas ao nosso organismo, entre elas a Tempranillo, o que
induz a redução do LDL (colesterol ruim).
8. Diminui o risco de contrair resfriados
– os antioxidantes no vinho tinto teriam esta capacidade, desde que se
crie o hábito de consumir, no mínimo, 14 taças por semana (2 por dia).
Pesquisas demonstraram que houve uma redução de 40% no índice de
resfriados em ambientes controlados.
Mas nem tudo é 100% correto nestas
pesquisas. Há sempre alguém preocupado em demonstrar que a realidade
pode ser outra. Nosso pseudo vilão é um importante cientista, o Dr. Richard
Semba, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Ele
conduziu por 9 anos um abrangente estudo numa pequena vila em Chianti,
Itália. Seus voluntários eram os moradores, todos consumidores habituais
de vinho, um grupo de 768 homens e mulheres, que foram acompanhados por
exames clínicos regulares.
A conclusão é um verdadeiro balde de água fria:
“Nós procuramos estabelecer uma relação
entre os níveis de Resveratrol e uma série de problemas de saúde como
câncer, doenças cardíacas e até mesmo longevidade. Não foi detectada
nenhuma correlação”.
Aparentemente a grande diferença entre
este e outros estudos está no fato que foram efetivamente medidos os
níveis do antioxidante através dos exames de urina. Os níveis eram
extremamente baixos e não trariam nenhum benefício.
Para o nosso organismo absorver uma
quantidade significativa e termos alguma vantagem seria necessário
consumir cerca de 100 taças por dia, o que nos traria outros problemas.
Ainda há muito a ser descoberto, e este
primeiro resultado negativo de uma pesquisa não invalida as qualidades
benéficas do vinho. O próprio Dr. Semba admite:
“Eu não creio que este estudo projete uma
sombra negativa no vinho (ou no chocolate outra fonte do antioxidante).
O que realmente aprendemos é que alimentos são complexos, e o vinho
muito mais ainda. Não se pode simplesmente atribuir efeitos benéficos a
um único componente como o Resveratrol. Então continue apreciando vinho
ou chocolate desde que não os esteja consumindo só para atingir a cota
de antioxidante”.
Dica da Semana: já podemos pensar num bom tinto. Este surpreendeu num recente encontro de apreciadores.
Dal Pizzol Merlot 2012
Vinho requintado de cor intensa, potente, vermelha
rubi com tons violáceos. Aroma pronunciado harmonizando a fruta com um
toque de complexidade. Sabor persistente, com bom “volume de boca”,
encorpado, harmônico com taninos aveludados.
Muito versátil, harmoniza com:
vitela, rosbife, bacalhau, massas com molhos de carne, aves bem
condimentadas, pato ou ganso, carne de porco, cordeiro, foie gras,
suflês, queijos tipo gorgonzola, brie, roquefort, port salut.

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