Tabela das safras já foi um brinde muito desejado
pelos enófilos. Ganhar uma era quase um rito de passagem. Saber
manuseá-la e comprar seus vinhos de acordo com as indicações significava
que você era alguém no mundo dos vinhos. Naquele tempo havia poucas
importadoras, o nosso vinho não era significativo e nem éramos
bombardeados com esta enxurrada de informações como livros, periódicos
além da Internet, com o “Tio Guga” sempre pronto a resolver nossas
dúvidas.
A safra num rótulo de uma garrafa de
vinho indica o ano da colheita das uvas para a elaboração do vinho. Até
onde a história nos conta, os registros mais antigos foram encontrados
em ânforas de vinho do Egito, marcadas com hieróglifos indicando o
vinhateiro e o ano de produção. Desde então a safra tem sido um dos
fatores que dividem os especialistas avaliando, esta ou aquela, como a
melhor de uma determinada região, quase sempre assunto para grandes
discussões.
Em Bordeaux o respeito à safra é quase uma religião!
Realidade ou não, a almejada tabelinha
deixou de ser importante, a tal ponto, que foi declarada morta pelo
jornalista Frank Prial do New York Times:
“Raramente um ano se passa sem que tenha
sido produzido um bom vinho... os vinhateiros do mundo tornaram a Tabela
de Safras obsoleta”.
Esta declaração provocou um interessante
estudo conduzido pelo professor Roman Weil, da Universidade de Chicago,
cujo objetivo era provar ou refutar a ideia proposta por Prial. Uma
cuidadosa seleção de vinhos foi organizada, buscando-se pares de
garrafas de um mesmo produtor, safras diferentes, dentro de uma faixa de
preços acessível, cujas avaliações por Robert Parker tenham variado de
boa até excelente. Os degustadores, alunos de pós-graduação da
Universidade e enófilos experimentados, deveriam provar, às cegas, trios
de amostras e definir dois pontos:
- se havia significantes diferenças entre as amostras provadas;
- qual amostra mais lhe agradava.
O resultado final comprovou a tese de
Prial: “mais fácil seria escolher um vinho usando uma moeda (cara ou
coroa)”. Ficou cientificamente comprovado que não há diferenças
significativas entre as safras.
Uma curiosa exceção foram os vinhos de
Bordeaux: era mais fácil identificar as safras, entretanto o gosto ou
predileção por um ano indicado como melhor não se confirmava.
Resultado prático: a menos que você seja
um colecionador de vinhos mais preocupado em mostrar o seu poder de
compra organizando degustações verticais do seu caldo predileto, esqueça
a safra e compre o vinho que lhe agradar dentro de suas possibilidades.
Para degustá-lo corretamente lembre-se destas simples recomendações:
- abra o vinho algum tempo antes de servi-lo;
- se preferir use um decantador ou aerador;
- olho na temperatura, nada de extremos;
- deixe o líquido respirar no copo por
alguns momentos antes de degustá-lo.
Aproveite para apreciar os aromas e
treinar os seus sentidos;
- habitue-se a girar a taça suavemente para liberar aromas e sabores;
- acompanhe com alimentos que contrastem com taninos, acidez, corpo, etc.
Saúde!
Dica da Semana: um excelente alvarinho, provado recentemente no evento Caravana dos Vinhos do Tejo.
Casal do Conde Branco – Alvarinho
Cor cítrica, aroma frutado ligeiramente limonado, conjugado com notas cítricas. No paladar é um vinho equilibrado com boa complexidade e com final longo e acídulo.
Neste link, uma Tabela de Safras de 2014:
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