Esta é uma
situação típica: entramos numa loja de vinhos ou num supermercado e nos
deparamos com rótulos desconhecidos. Qual devemos comprar?
Para
responder esta pergunta precisamos nos fixar em alguns pontos muito
importantes e que envolve um pouco de disciplina e autoconhecimento.
Vamos explorar estes aspectos embarcando numa interessante aventura.
1 – Explicando a estrutura de um vinho.
Parece complicado, mas não é. Podemos resumir em 4 aspectos: Fruta, Acidez, Madeira e Tânino.
Fruta ou
Vinho Frutado são aqueles em que predominam os aromas e sabores das
frutas. Bebidas mais suaves que enganam o nosso paladar parecendo quase
adocicadas.
Acidez é
quase o oposto, são os vinhos transmitem uma sensação de aspereza, sem
ser desagradável, percebida na lateral e no fundo da nossa língua. Nos
fazem salivar. Típico dos brancos.
Madeira ou
Vinho Madeirado são os que foram elaborados e ou amadurecidos em contato
com Carvalho. Apresentam aromas bem característicos como baunilha,
manteiga e tostado. Mais comum entre os tintos, mas há excelentes
brancos com algumas destas características.
Tânicos são
os vinhos que tem um característico amargor percebido no céu da boca
(enrugamento) ou nas gengivas. Uma exclusividade dos tintos por serem
elaborados com suas casacas.
A compreensão
e identificação destes 4 tipos são um conhecimento básico para definir o
que cada um de nós aprecia mais na sua bebida favorita. Isto nos leva
ao próximo passo.
2 – Descobrindo o nosso “estilo de paladar”.
Lá no início
destas coluninhas, na fase que muitos leitores apelidaram de “curso”,
sugerimos que fossem feitas anotações relativas aos que estávamos
consumindo. Desta forma elas poderiam ser úteis mais tarde. Vamos nos
valer deste recurso acrescentado uma pequena tabela que irá relacionar,
na experiência gustativa de cada um, os 4 pontos descritos acima em um
vinho qualquer. Não precisa ser nada muito elaborado. Abaixo um exemplo
que serve perfeitamente: (atribua notas de 1 a 10 para intensidade de
cada item)
Nome: "Château do Tuty"
Casta: Cabernet Sauvignon (se for um corte anote a casta predominante)
Fruta – 6
Acidez – 4
Madeira – 5
Tanino – 7
Experimente
diferentes vinhos e castas, brancos e tintos sem se preocupar com uma
avaliação global do tipo bom/ruim ou gosto/não gosto. O importante é
associar o paladar de cada um com os descritores sugeridos. Com algum
tempo será possível perceber uma tendência, que será pessoal. Tente
apenas lembrar se foi uma boa experiência ou não. Exemplo: as notas mais
frequentes podem sugerir, para um apreciador de vinhos tintos, que o
ideal seria tanino e madeira médios, predominância de fruta e baixa
acidez.
3 – Entendendo o jargão do vinho.
Este passo
vai nos ajudar a decifrar o que está escrito nos contra-rótulos ou em
eventuais etiquetas de avaliação que costumam acompanhar as garrafas nas
lojas especializadas.
Quase sempre os descritores utilizados estão associados a sabores ou aromas. Por exemplo: cítrico; achocolatado; etc..
Algumas são
simples e diretas, mas o que falar de “terroso”, “mineral” ou “tabaco”? O
melhor é pesquisar em livros ou na Internet as melhores explicações
para estes termos. Uma boa conversa com alguém que seja mais experiente
no tema, acompanhado de uma boa garrafa que produza a explicação
desejada é a melhor lição.
4 – Usando os críticos a nosso favor.
Tornamos a
repetir os nomes mais conhecidos: Robert Parker, Wine Spectator, Wine
Enthusiast ou os nacionais Descorchados, Adega e Jorge Lucki que escreve
no jornal Valor Econômico, em nossa opinião, o melhor crítico
brasileiro. Com poucas exceções, empregam um sistema de 100 pontos para
classificar os vinhos que analisam. Se o seu crítico preferido adota
outro sistema basta uma aritmética simples para fazer a correlação.
Tudo que
precisamos saber para escolher um bom vinho é que uma nota de 85 pontos
representa uma faixa que engloba 15% dos melhores vinhos.
Com grande
certeza, a maioria dos produtos encontrados numa loja especializada está
abaixo desta faixa. Obviamente há uma relação direta entre preço e nota
atribuída: quanto maior, mais caro.
5 – Escolhendo um vinho desconhecido.
Munidos de
todas estas informações podemos partir para a última parte de nossa
aventura. Escolham a loja e busquem pelos vinhos com esta nota base de
85 pontos.
Leiam os
rótulos detalhadamente procurando por descrições como “taninos
aveludados, boa fruta, envelhecido em Carvalho”, etc.. Usando nossas
anotações, podemos filtrar corretamente o que nos interessa e fazer uma
boa compra.
6 – Um Bônus.
Persistência é
tudo que precisamos para dominar esta arte da boa compra. Mas há uma
grande vantagem: podemos utilizar estas novas habilidades para
presentear alguém que gostamos.
Já pensaram nisto?
Dica da Semana: um francês, para variar...
Auguste Bessac Côtes du Rhône 2010
Côtes
du Rhône é o vinho mais vendido da região sul do Vale do Rhône, um tinto
de bom corpo, aromas de amora, framboesa, cassis e notas de
especiarias.
Em boca é equilibrado e saboroso, possui taninos maduros e final duradouro.
Harmonização: Bife ancho, carne de panela com batatas, medalhão de alcatra, massas ao molho carbonara e cassoulet.


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