sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ainda as “Castas Nobres”


Parece que a coluna da semana passada causou mais confusão do que esclarecimentos. Muitos leitores questionaram se existiriam vinhos de qualidade produzidos com castas “não nobres”, uma preocupação válida, mas muito distante do objetivo do texto anterior a este, que pretendia, apenas, discutir a razão do adjetivo Nobre.
Para que todos fiquem tranquilos, existem vinhos de alta qualidade produzidos, até mesmo, com castas consideradas como “obscuras”. Também existem vinhos de péssima qualidade, as zurrapas, produzidos com as mais famosas castas do mundo.
Conclusão: a qualidade de um vinho não pode ser determinada só pelo tipo de uva que será utilizada na sua produção. Diversos outros fatores têm um peso mais significativo na qualidade final: o binômio terreno e clima; os métodos de vinificação e amadurecimento e até mesmo as técnicas de engarrafamento e selagem da garrafa. A qualidade final de um vinho dependerá, sempre, de um conjunto de fatores.
Para auxiliar os leitores na compreensão das razões pelas quais classificaram determinadas castas como superiores às demais, foi sugerido que se pesquisasse em relações de melhores vinhos, quais as varietais empregadas que se destacavam.
Na semana passada, um dos sites de maior importância para quem é realmente aficionado e tem recursos financeiros para investir em vinhos de alta qualidade, publicou a relação dos vinhos mais procurados. O site em questão, o Wine Searcher (http://www.wine-searcher.com/) tem como principal objetivo encontrar vinhos raros que são colocados à venda em diversas lojas ou casas de leilão, por todo o planeta. Vamos comentar, em grupos de 10 vinhos, os 50 primeiros apresentando as principais características.
1 a 10
1. Chateau Margaux, Margaux, Corte Bordalês;
2. Domaines Barons de Rothschild Chateau Lafite Rothschild, Pauillac, Corte Bordalês;
3. Baron Philippe de Rothschild Chateau Mouton Rothschild, Pauillac, Corte Bordalês;
4. Moet & Chandon Dom Perignon Brut, Champagne;
5. Petrus, Pomerol, Corte Bordalês, na verdade quase 100% Merlot;
6. Chateau Latour, Pauillac, Corte Bordalês;
7. Chateau Cos d’Estournel, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
8. Chateau d’Yquem, Sauternes, Vinho de Sobremesa;
9. Chateau Haut-Brion, Pessac-Leognan, Corte Bordalês;
10. Opus One, Napa Valley, EUA, Corte Bordalês.
Como era de se esperar, completo domínio dos vinhos de Bordeaux, cortes obtidos a partir de Cabernet Sauvignon e Merlot, castas nobres. Três interessantes destaques, um Sauternes obtido a partir da Casta Semillon que nunca foi classificada como nobre, um Champagne vinificado a partir de Chardonnay e Pinot Noir, ambas nobres, e um vinho norte americano produzido ao estilo dos vinhos de Bordeaux.
11 a 20
11. Domaine de la Romanée-Conti Romanée-Conti Grand Cru, Côte de Nuits, Borgonha;
12. Chateau Lynch-Bages, Pauillac, Corte Bordalês;
13. Tenuta San Guido Sassicaia Bolgheri, Super Toscano;
14. Armand de Brignac Ace of Spades Gold Brut, Champagne;
15. Penfolds Grange Bin 95, Shiraz Australiano;
16. Chateau Cheval Blanc, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
17. Chateau Pontet-Canet, Pauillac, Corte Bordalês;
18. Louis Roederer Cristal Brut Millesime, Champagne;
19. Chateau Montrose, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
20. Domaine de la Romanee-Conti La Tache Grand Cru Monopole, Cote de Nuits, Borgonha.
Continua o pleno domínio dos Bordaleses, com 4 destaques: dois vinhos da Borgonha produzidos com a nobre Pinot Noir, um italiano que é uma das muitas versões italianas de um vinho de Bordeaux. Por último, um potente Shiraz australiano, outra casta que ainda não foi dignificada com um título real, mas deveria.
21 a 30
21. Chateau Leoville-Las Cases ‘Grand Vin de Leoville du Marquis de Las Cases’, Corte Bordalês;
22. Chateau Pichon Longueville Comtesse de Lalande, Pauillac, Corte Bordalês;
23. Chateau Palmer, Margaux, Corte Bordalês;
24. Chateau Leoville Barton, Saint-Julien, Corte Bordalês;
25. Krug Brut, Champagne;
26. Chateau Pavie, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
27. Chateau Ducru-Beaucaillou, Saint-Julien, Corte Bordalês;
28. Marchesi Antinori Tignanello Toscana IGT, Super Toscano;
29. Chateau Angelus, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
30. Chateau Pichon-Longueville au Baron de Pichon-Longueville, Pauillac, Corte Bordalês.
Dois destaques: outro Champagne e outra versão italiana de um vinho de Bordeaux.
31 a 40
31. Chateau La Mission Haut-Brion, Pessac-Leognan, Corte Bordalês;
32. Chateau Leoville Poyferre, Saint-Julien, Corte Bordalês;
33. Tenuta dell’Ornellaia ‘Ornellaia’ Bolgheri Superiore, Toscana, Super Toscano;
34. Screaming Eagle Cabernet Sauvignon, Napa Valley, EUA, 100% varietal;
35. Dominus Estate Christian Moueix, Napa Valley, USA, Corte Bordalês;
36. Caymus Vineyards Cabernet Sauvignon, Napa Valley, EUA, 100% varietal;
37. Perrin & Fils Chateau de Beaucastel Chateauneuf-du-Pape, Rhone, França;
38. Chateau Talbot, Saint-Julien, Corte Bordalês;
39. Tenuta dell’Ornellaia Masseto Toscana Igt, varietal 100% Merlot;
40. Joseph Phelps Vineyards Insignia, Napa Valley, EUA, Corte Bordalês.
Destacam-se dois italianos vinificados ao modo de Bordeaux e dois 100% Cabernet Sauvignon da América do Norte. Além destes, aparece o primeiro vinho da região do rio Ródano, um Chateneuf–du-Pape, tradicionalmente um corte que envolve até 13 castas diferentes entre tintas e brancas, nenhuma delas consideradas nobres. Por outro lado, o mais respeitado crítico de vinhos do mundo, Robert Parker, cansou de atribuir os almejados 100 pontos aos vinhos desta região...
41 a 50
41. Chateau Gruaud-Larose, Saint-Julien, Corte Bordalês;
42. Chateau Calon-Segur, Saint-Estephe, Corte Bordalês;
43. Domaines Barons de Rothschild Chateau Lafite Rothschild “Carruades de Lafite”, Pauillac, Corte Bordalês;
44. Chateau Ausone, Saint-Emilion Grand Cru, Corte Bordalês;
45. Vega Sicilia Unico Gran Reserva, Ribera del Duero, varietal 100% Tempranillo;
46. Chateau Beychevelle, Saint-Julien, Corte Bordalês;
47. Domaines Barons de Rothschild Chateau Duhart-Milon, Pauillac, Corte Bordalês;
48. Chateau Grand-Puy-Lacoste, Pauillac, Corte Bordalês;
49. Taylor Fladgate Vintage Port, Portugal, Vinho do Porto;
50. Moet & Chandon Brut, Champagne;
Neste último lote temos alguns destaques interessantes. O Vega Sicilia Único, um dos vinhos mais famosos da Espanha e do Mundo, é produzido com uma casta não nobre. Aparece o primeiro Vinho do Porto, produzido com castas exclusivas de Portugal que nunca chegaram perto da “corte”...
Com estes exemplos, esperamos que os leitores percebam que a nobreza de uma uva está muito mais ligada ao que é possível se obter a partir dela do que uma simples relação direta do tipo “se a uva é nobre o vinho é bom”.
Isto é falso!
Um segundo ponto fica claro nesta relação, o pleno domínio dos vinhos franceses, principalmente os produzidos em Bordeaux.
Antiguidade é posto, até no mundo dos vinhos.

Dica da Semana: um bom Tannat produzido no Uruguai, para que ninguém duvide das castas ‘não nobres’.



Don Pascual Reserve Tannat 
Intensa cor vermelha com reflexos rubi. Aroma onde domina frutas vermelhas e cassis. Muito bem estruturado com presença de taninos revestidos e frutas vermelhas.
Harmonização: Carnes, massas e queijos.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Por que ‘Castas Nobres’?


O uso do adjetivo ‘nobre’ para definir uvas ou vinhos é muito antigo e tem raízes muito interessantes, afinal o que faz uma determinada varietal ser classificada como nobre em detrimento de outras?
Uma rápida pesquisa em textos de autores consagrados nos forneceu uma boa definição:
“Uvas nobres são as uvas tradicionalmente associadas com os vinhos da mais alta qualidade”.
Sauvignon Blanc, Riesling, Chardonnay, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon e Merlot, são as eternas castas agraciadas com títulos como Rainha disto ou daquilo. Entretanto, alguns críticos, talvez sentindo a exagerada influência francesa nesta lista, substituem a Sauvignon Blanc e a Merlot pela excelente italiana Nebbiolo.
Ainda assim, resta uma dúvida: seriam realmente superiores os vinhos produzidos com estas uvas?
Posso ir mais longe: e as castas típicas do Novo Mundo, Zinfandel, Carménère, Malbec, etc., ou as ibéricas Tempranillo e Touriga Nacional, não se enquadram?
Apesar de apaixonante, este tema exige um pouco mais de informação para ser compreendido. Por trás da “qualidade” está o que é denominado ‘Estrutura’, algo como o esqueleto do vinho. Aqui está a diferença: só será percebida na hora da vinificação, da elaboração.
A mais simples demonstração de que realmente há uma diferença pode ser observada nas relações de grandes vinhos publicadas por revistas especializadas ou nos mais variados guias internacionais: desde que a indústria do vinho existe, esta pequena relação de ‘nobres’ domina o cenário. Não é à toa que a fama dos vinhos franceses perdura por séculos. Na relação apresentada, apenas a Riesling (que existe na Alsácia) e a Nebbiolo não são de Bordeaux ou da Bourgogne...
A estrutura de um vinho é difícil de ser explicada e entendida. Envolve múltiplos aspectos e o relacionamento entre eles: acidez, taninos, álcool, etc., que em última análise vai determinar sabores, aromas, capacidade de envelhecimento e outras características.
Um dos elementos mais importantes é a Textura. Pode parecer uma ideia um pouco tênue se compararmos com outros materiais como tecidos, madeiras ou cerâmicas, mas definitivamente há diferentes texturas na nossa bebida predileta. Esta qualidade está associada àquelas sensações de grande amplitude (de aromas e sabores), permanência no palato e o gole aveludado ou o seu oposto (áspero), entre outras. Novamente, sobressai o conjunto em vez de valores individuais.
Este talvez seja o segredo das castas nobres: bem vinificadas, nos presenteiam com uma formidável estrutura e tudo de bom que dela decorre.
Um velho e batido jargão faz muito sentido neste momento: “Antiguidade é posto”.
Não há mais como ignorar a qualidade dos vinhos produzidos, hoje, no Chile, na Califórnia, na Argentina e em outros países, alguns europeus. Mas, para que um dia suas castas emblemáticas sejam elevadas de categoria, só há um fator a ser considerado: tempo, muito tempo.

Dica da Semana: não precisa esperar séculos, pode ser consumido já!



Hardys Nottage Hill Merlot 2011
Um vinho australiano de muita presença em boca, fresco com leve traço de hortelã, sabores de fruta vermelhas maduras, e noz-moscada.
Sua textura de densidade média o torna versátil para acompanhar diversos pratos.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Quais os seus ritos ao comer ou beber?

Escrever uma coluna semanal sobre vinhos, mesmo para um apaixonado como este autor, pode ser um castigo. Algumas vezes não se consegue um tema interessante para apresentar aos leitores. Resta a opção de comentar este ou aquele produto, o que pode não ser do interesse de todos. Um dos caminhos para contornar estas crises de criatividade é ler muito sobre o tema e assuntos correlatos, quase sempre aparece alguma boa história.
Na carona daquelas pesquisas sobre as origens das videiras, descobriram que vinhos eram consumidos há muito mais tempo do que se imaginava. O interessante ficou por conta dos motivos de tal consumo: a água, naquela época, era contaminada, beber vinho era mais seguro e saudável! Mas imaginem o seguinte, o vinho não continha nenhum conservante e nem existia nenhuma forma de refrigeração, ou seja, em 2 ou 3 dias já teria se transformado em vinagre. Bebiam assim mesmo...
Outra pesquisa recente foi realizada em conjunto pelas Universidades de Harvard e a de Minnesota em Mineápolis. Os pesquisadores conseguiram demonstrar que determinados ritos que cumprimos antes de consumir este ou aquele alimento os tornam mais saborosos!
Do que estão falando?
De pequenos hábitos ou manias que estão tão enraizados no nosso dia a dia que se tornaram ritos. Por exemplo: para comer um daqueles biscoitos recheados, que lembram um pequeno sanduíche, o rito padrão é separar as metades, comer o recheio primeiro e depois os dois biscoitinhos. Não conheço ninguém que nunca fez isto.
Outro exemplo é como consumir uma bela fatia de pizza? Com as mãos, dobrando-a para evitar cair gotas de gordura sobre a roupa ou num prato, usando talheres? (garanto de da primeira forma fica muito melhor!).
Não podemos esquecer a turma do café da manhã, um fumegante café com leite, pão francês coberto com manteiga e aquela mergulhada na xícara antes de comer. Até o dia fica melhor!
Um dos experimentos realizados no estudo envolvia uma barra de chocolate. Os voluntários foram divididos em grupos, o primeiro recebeu instruções específicas, algo como dividir a barra ao meio, escolher uma metade, remover o papel laminado e degustar. Ao outro grupo foi sugerido que simplesmente desembrulhassem a barra e a consumissem. Analisadas as impressões descritas, ficou claro que o grupo que cumpriu o ritual de dividir, desembrulhar e comer teve um grau de satisfação muito maior que o outro grupo. Não sou um chocólatra, mas quando ganho uma boa barra de chocolate belga ou suíço me dou o trabalho de dividi-la naqueles quadradinhos e como um por um. Delícia!
A pesquisa chegou aos ritos do vinho também, mas deixou a desejar. Formaram dois grupos, um removia a cápsula e sacava a rolha enquanto o outro grupo observava. O resultado foi um pouco decepcionante, apenas o 1º grupo notou alguma satisfação maior. Acho que faltou envolverem pessoas mais ligadas a este universo. Não há ritualística maior do que escolher, abrir e degustar uma boa garrafa. Vamos aos fatos.
Escolher o vinho é o primeiro rito. Seja através de um catálogo em que se perdem horas analisando descrição por descrição, ou numa loja especializada onde rótulos são comparados, garrafas são manuseadas e discutidas de forma intensa e prazerosa com os vendedores. Uma boa crítica em revistas pode ser fonte para uma ritualística caçada em busca da ‘presa’ almejada.
O segundo passo é múltiplo: armazenar e decidir quando e onde consumir. As possibilidades são inúmeras, tantas quanto as desculpas para adiar a data e continuar curtindo a ideia. (já aconteceu de perder um vinho por conta desta busca da perfeição...).
Decidido o dia, a hora, o local e a companhia, chega a vez de escolher as taças. Garanto que os leitores estão achando graça, mas um bom enófilo é capaz de ter formatos de taça e qualidade de cristais específicos para cada tipo de vinho. A loucura não para por aqui, as taças devem estar imaculadamente limpas, o que envolve agua quente, álcool e panos que não soltam fiapos...
Vamos abrir a garrafa. Parece simples não? É só pegar o saca-rolhas e - alto lá! Não é qualquer saca-rolhas não, no mínimo um modelo Sommelier ou um Rabbit, senão estraga a rolha, pode deixar resíduos indesejáveis, etc. Se for uma garrafa de mais idade, deve ser utilizado um de lâminas duplas. Decantar ou não, aerar ou não, harmonizar e finalmente degustar.
Com todo este cerimonial, não há vinho que não fique ótimo!
Quais os seus ritos? Conte para agente, pode ser um bom assunto para as próximas colunas. Até lá fiquem com a...

Dica da Semana: um vinho para beber sem frescura. 


Urban Uco Tempranillo 
Elaborado na Argentina com a casta espanhola mais emblemática, o Urban Uco Tempranillo é macio e repleto de notas de fruta madura.
A safra de 2008 arrematou 89 pontos de Robert Parker que se seduziu pelo "cativante bouquet" do vinho e seu "belo apelo varietal".
Uma das mais saborosas pechinchas da região do Uco, com a prestigiosa assinatura de O.Fournier.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Vinhos Verdes: um esclarecimento


Há cerca de duas semanas, quando publicamos um glossário sobre os termos usados na descrição dos vinhos, houve uma interessante troca de e-mails entre esta coluna e o leitor Laureano Santos que reside em Oeiras, Portugal, distante 5Km da capital, Lisboa.
Com muita propriedade ele chamou a atenção para uma possível confusão entre um dos verbetes, ‘Verde’, algumas vezes empregado para definir um vinho que ainda não está próprio para consumo, com ‘Vinho Verde’, um dos mais típicos e deliciosos vinhos de Portugal. E ele está com toda a razão por um fator muito importante: Vinhos Verdes são produzidos para serem consumidos jovens!
Vamos conhecer um pouco mais sobre esta delícia da ‘terrinha’.
Esta denominação protegida, uma das mais antigas de Portugal (1908), só pode ser produzida numa região específica utilizando castas típicas de lá. Existem Espumantes, Tintos, Rosados e Brancos, estes últimos os mais conhecidos.
A Região demarcada ocupa o noroeste do país, histórica Província do Minho que foi extinta em 1976 e algumas áreas adjacentes. A denominação atual é Entre-Douro-e-Minho. Vinhos desta região foram citados por romanos como Plínio e Sêneca. Pesquisas de documentos mais recentes demonstraram que houve exportação deste produto, no século 12, para a Inglaterra, Alemanha e Bélgica.
Curiosamente foi a introdução do milho na agricultura daquela região que transformou tudo. As vinhas foram quase banidas dos campos para dar lugar à nova cultura, obrigando os vinhateiros a cultivar suas parreiras como se fossem trepadeiras em árvores mais altas. Posteriormente evoluiu para uma estrutura em treliça. Para colher as uvas era preciso usar escadas! Atualmente este antigo sistema convive com técnicas modernas de plantio.
A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes estabelece:
“Questões de ordem cultural, microclimas, tipos de vinho, encepamentos e modos de condução das vinhas levaram à divisão da Região Demarcada dos Vinhos Verdes em nove sub-regiões”:
Amarante; Ave; Baião; Basto; Cávado; Lima; Monção e Melgaço; Paiva; Sousa.
Com relação às castas, são estas as principais reconhecidas pela comissão: 
Brancas: Alvarinho; Avesso; Azal; Batoca; Loureiro; Arinto (Pedernã); Trajadura; 
Tintas: Amaral (Azal Tinto); Borraçal; Alvarelhão (Brancelho); Espadeiro; Padeiro; Pedral; Rabo-de-Anho (Rabo-de-Ovelha);Vinhão.
Existem outras 20 castas secundárias que são utilizadas.
Vinhos Verdes brancos são muito saborosos e refrescantes apresentando uma característica levemente frisante, resultado da fermentação malolática realizada na garrafa. O que é um defeito nos vinhos comuns torna-se um importante diferencial neste produto: é desejável. Mas impunha uma curiosa condição: as garrafas deveriam ser escuras, mesmo para os brancos, para esconder uma pequena turbidez decorrente desta segunda fermentação.
Modernamente, a Malolática já está sendo feita antes do engarrafamento. O efeito efervescente é obtido mediante a injeção, posterior, de gás carbônico, como se faz em refrigerantes.
Os Tintos são de coloração muito escura e com fortes taninos. Os rosados se assemelham aos brancos.
No Brasil os Vinhos Verdes sempre foram muito apreciados devido ao baixo teor alcoólico e por suas características organolépticas. Combinam muito bem com o clima e culinária nacional. Ficaram célebres marcas como Casal Garcia, Acácio, Gatão e Calamares com suas garrafas ovais.
Estes vinhos de antigamente não têm mais o mesmo encanto. Como tantos outros produtos, o Verde também mudou, fruto da necessidade de novos mercados e de experimentações de grandes produtores como Anselmo Mendes, Soalheiro e Quinta do Ameal.
Este vinho moderno tem como característica um maior teor alcoólico, mas continuam apresentando uma refrescante acidez, aromas e sabores frutados. São produzidos dentro das mais recentes técnicas e apesar de tradicionalmente serem consumidos jovens, não há nenhum problema em armazená-los por 6 ou 7 anos descobrindo-se uma nova experiência ao consumi-los já adultos, São vinhos incríveis!
Vinho Verde: a qualquer hora, em qualquer lugar.

Dica da Semana: um bom verde.

QG Colheita Selecionada 2009
Produtor: Quinta de Gomariz
Castas: Alvarinho, Loureiro e Trajadura
Coloração palha de média intensidade, cristalina. Intensamente frutado com tangerina, melão maduro e pétalas de rosas. Ligeiro de corpo, impressiona pelo balanço, pela enérgica e prazerosa juventude frutada. Ótima persistência no fim-de-boca.
Harmoniza com Ceviche; Queijo de cabra; Massa com frutos do mar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Istituto del Vino Italiano di Qualità - Grandi Marchi


Este evento, uma degustação de grandes rótulos italianos, ocorreu no dia 18/07/2013 nos salões do tradicional Hotel Copacabana Palace. A equipe do Boletim estava presente.
Este Instituto é composto por importantes famílias produtoras e tem por objetivo promover e desenvolver o vinho italiano de qualidade. Na versão carioca desta degustação estavam presentes 11 produtores conhecidos internacionalmente:
Ambrogio e Giovanni Folonari Tenute (Toscana);
Antinori (Toscana);
Carpené Malvolti (Vêneto);
Donnafugata (Sicilia);
Masi (Vêneto);
Mastroberardino (Campania);
Michele Chiario(Piemonte);
Pio Cesar (Piemonte);
Rivera (Puglia);
Tasca d’Almerita (Sicilia);
Umani Ronchi (Marchi).
Para os menos avisados, alguns desses produtores são considerados os ‘Reis’ de suas especialidades. Por exemplo, Pio Cesar é o Rei do Barolo; Masi o Rei do Amarone; Mastroberardino o Rei do Taurasi. Antinori é considerado como o mais importante produtor de vinhos da Itália, junto com Gaja.
Diante desta proposta as nossas expectativas eram grandes. Chegamos logo no primeiro horário e iniciamos os trabalhos com um bom Prosecco da Carpené Malvloti. O próximo passo era decidir para que lado seguir. Algumas mesas, como as de Masi e Antinori eram quase impossíveis, gente demais num tamanho assédio que chegamos a ficar com pena dos demonstradores que se desdobravam para atender a todos. Partimos em busca das mesas vazias de produtores menos conhecidos por estas bandas, mas com excelentes vinhos. Uma delas foi a Rivera com seus deliciosos Primitivos, ainda sem representação no Brasil.
Conseguimos, com algum esforço, degustar vinhos de Antinori, Masi, Mastroberardino e Pio Cesare. Eis um resumo:
- Bramito del Cervo Chardonnay 2011 e Pian Delle Vigne 2007 Brunello di Montalcino (Antinori);
- Campofiorin Ripasso 2008 e Costasera Amarone (Masi);
- Fiano di Avelino DOCG 2011, Greco di Tufo DOCG 2011, Lacryma Christy del Vesuvio Ross DOC 2001 e o Radici Taurasi DOCG 2007 (Mastroberardino);
- Barolo Ornato 2007 e 2008, Barbaresco 2007.
Estes vinhos têm preços acima de R$ 150,00, chegando a R$ 500,00 em alguns casos.
Foi espetacular, apesar do excesso de convidados.

Dica da Semana: um bom italiano da Sicília

Sherazade IGP 2011
Produtor: Donnafugata
Casta: Nero d’Avola
A Família Rallo criou o projeto Donnafugata em busca da qualidade máxima. Com muita competência, os Rallo elaboram vinhos modernos e sofisticados com as uvas autóctones como a Ansonica e Nero D’Avola, a uva tinta mais representativa da Sicília.
Harmoniza bem com entradas, saladas verdes, pratos à base de peixes e crustáceos, massas com molho de tomate e queijos de média maturação.