Como em
qualquer indústria, a do vinho também tem seus segredos, suas fórmulas
mágicas, suas receitas. Nunca são divulgadas, apenas passadas de geração
em geração.
O mundo hoje
caminha para uma era dos poucos segredos, documentos classificados como
secretos pipocam aqui e ali causando espanto a todos. O mesmo está
acontecendo na área vitivinícola: existe no mercado um “melhorador de
vinho” que todos os produtores conhecem, mas nenhum afirma que o usa.
Nem sempre
uma vinificação resulta num produto que atenda às especificações de um
enólogo. Pode não ter a cor desejada ou não apresentar aromas e sabores
interessantes. Além disto, a utilização de super leveduras na
fermentação para extrair o máximo de um mosto pode trazer, como efeitos
colaterais, pequenos ‘defeitos’ que normalmente são mascarados pelas
boas qualidades do produto final. Se o processo todo não resultar no
esperado, o enólogo está cheio de problemas.
Sempre
existiram soluções para estes casos, a mais conhecida é utilizar este
vinho ‘pobre’ em um corte com outro que faça as correções necessárias.
Vinhos obtidos com castas como a Petit Syrah, Alicante Bouschet, Tinta
Cão, entre outras, conhecidas como uvas tintureiras, são empregados para
efetuar correções de rota, sempre em pequenas quantidades, dentro do
que permitem as legislações locais, desobrigando informar isto nos
rótulos.
A maior
dificuldade, nestes casos, é obter estas ‘tinturas’ caso não fossem
produzidas na própria vinícola: tinham que recorrer ao mercado de vinho a
granel. Alguns empresários perceberam uma oportunidade e criaram uma
“poção mágica” que resolve todos os problemas: melhora a cor, acrescenta
alguma doçura, mascara os subprodutos indesejáveis da fermentação e
deixa o vinho arredondado no final. Além disto é absolutamente natural e
praticamente indetectável. Melhor impossível!
Não há nenhum
mistério neste produto. Trata-se de um muito concentrado suco de uvas,
obtido a partir de castas selecionadas, algumas criadas especificamente
para este fim como a Rubired (Rubi Vermelho) um cruzamento de Alicante
Ganzin e Tinta Cão. Existem diversas marcas, a mais conhecida é a Mega
Purple, produzida por uma dos maiores conglomerados de bebidas
alcoólicas a Constelation Brands (vinhos, destilados e cervejas), proprietaria de
quase 40 marcas de vinhos de todo o mundo. Entre elas vamos encontrar a famosa
Mondavi da Califórnia, Muton Cadet da França e Ruffino da Itália.
Aqui entra a pergunta que vale 1 milhão de dólares: se produzem este concentrado devem utilizá-lo, mas em que vinhos?
Este recurso
só deve ser empregado para aqueles vinhos de menor custo e que se
destinam a grandes redes de lojas ou supermercados. Nenhum vinho “Top”
vai receber uma gota sequer deste xarope. Bastaria uma suspeita ser
publicada numa rede social e o estrago seria definitivo.
Caso algum
leitor não tenha se dado conta, a maioria dos grandes vinhos não
comercializou uma determinada safra simplesmente porque não atingiu a
qualidade necessária. O prejuízo é menor.
Por outro
lado, não ter vinho para atender a um pedido de um gigante do varejo
pode proporcionar um rombo nas finanças. Neste caso, é melhor “botar
água no feijão” do que sair com o pires na mão em busca de recursos.
Mais um motivo para desconfiar de vinhos baratos em prateleiras de mercado.
Dica da Semana: um bom Porto, bem de acordo com o clima frio.
O Fine Tawny é um pouco mais claro e seco que o Ruby devido ao maior tempo de envelhecimento.
O ótimo bouquet lembra nozes e frutas secas. Apresenta grande persistência na boca.


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