Nas últimas colunas foram
mencionados alguns ícones do mundo do vinho. Todos muito bons e muito
caros. Se olharmos para este mercado de alta gama ficaremos chocados com
os valores pagos por determinados rótulos famosos. Recentemente uma
garrafa de Romanée–Conti foi arrematada por mais de 13 mil dólares!
Há alguma coisa que justifique estes valores?
São vários aspectos que devem
ser levados em conta, desde a legislação de um país, volume de
produção, técnicas de marketing e até a má administração de empresas que
buscam cobrir seus prejuízos. No caso do renomado vinho da Borgonha o
preço se justifica por duas razões:
1 – a legislação francesa, sempre muito rigorosa, só classifica naquela região como vinhedo de excelência uma pequena parcela;
2 – em função disto a produção é minúscula. Logo, são poucas garrafas à venda deste fabuloso vinho.
A segunda pergunta que devemos nos fazer antes de embarcar numa compra ousada é: vale a pena?
1 – a legislação francesa, sempre muito rigorosa, só classifica naquela região como vinhedo de excelência uma pequena parcela;
2 – em função disto a produção é minúscula. Logo, são poucas garrafas à venda deste fabuloso vinho.
A segunda pergunta que devemos nos fazer antes de embarcar numa compra ousada é: vale a pena?
Nem sempre. Muitos destes
vinhos têm uma fama que, hoje em dia, não é mais devida – foram grandes
vinhos. A concorrência é feroz e com a chegada dos vinhos do Novo Mundo a
guerra de marketing se tornou a parte mais importante do negócio.
Reparem na divisão entre Novo
e Velho mundo – há lugar para grandes vinhos nos dois segmentos. Não há
dúvida que os rótulos mais tradicionais vão se agarrar ao seu passado e
extrair tudo o que puderem disto. Do outro lado do Atlântico, onde não
há tanta tradição, o caminho será o de se equiparar, inclusive no
preço...
A menção ao Romanée-Conti não
foi gratuita. Sua principal característica é ser elaborado com uvas de
um único vinhedo. Esta é a primeira dica: procurem nos rótulos a
expressão ‘Vinhedo único’ ou as traduções ‘Single vineyard’, ‘viñedo
único’, ‘U.V.’ (unique vigneron) ou a versão mais moderna que prefere
citar ‘Block #’ e ‘Parcela #’. Isto é uma garantia de um produto de
melhor qualidade, com elaboração cuidadosa. Podemos encontrar excelentes
produtos, que equivalem a um Borgonha Prémier Cru por 1/3 do preço.
Uma segunda dica são os
chamados ‘segundos vinhos’ das grandes vinícolas. Esta opção surge quase
naturalmente quando uma determinada safra não atinge o padrão para o
grande vinho ou, mais comum atualmente, para enfrentar a concorrência do
mercado sem alienar a marca mais famosa da vinícola.
De maneira nenhuma. Não se
pode esquecer que vinho é um negócio. Nenhum produtor vinifica só por
amor à arte, precisam de retorno para o investimento. Outra trilha muito
usada é a venda do vinho por atacado para engarrafadores independentes.
Estes lançam excelentes produtos com seus próprios rótulos e a preços
bem mais competitivos. Alguns exemplos:
Pavillion Rouge é produzido pelo Château Margaux;
Pavillion Rouge é produzido pelo Château Margaux;
Les Forts de Latour, pelo Château Latour;
Liberty School produzido pela afamada Caymus da Califórnia;
Hawk Crest elaborado pela premiada vinícola Stag’s Leap.
Os ‘Negociantes’, muitas vezes vinhateiros também, são comuns na França, por exemplo: Bouchard Père et Fils, Louis Jadot, Joseph Drouhin e Vincent Girardin na Borgonha; Georges Duboeuf em Beaujolais; Guigal, Jean-Luc Colombo e Mirabeau na Provence; Jaboulet no Vale do Rhône.
Os ‘Negociantes’, muitas vezes vinhateiros também, são comuns na França, por exemplo: Bouchard Père et Fils, Louis Jadot, Joseph Drouhin e Vincent Girardin na Borgonha; Georges Duboeuf em Beaujolais; Guigal, Jean-Luc Colombo e Mirabeau na Provence; Jaboulet no Vale do Rhône.
Basta olhar nos rótulos ou
contra-rótulos para comprar excelentes vinhos por uma fração do preço
dos ‘famosos’. Isto vale para os produtores sul-americanos também:
Bramare e Felino são segundas marcas da Viña Cobos; Tomero é elaborada
pela premiada Vistalba; Alamos é a linha básica da Catena Zapata, e
assim por diante.
Um truque que gosto muito é
experimentar as varietais pouco conhecidas, tintas ou brancas. Em vez de
um Sauvignon Blanc prove um Torrontés, no lugar do trio Cabernet,
Merlot e Syrah, parta para um Tannat ou Ancelotta. Já fiz ótimas
descobertas assim, com um custo muito baixo.
Por último, tentem os
produtos nacionais ou pelo menos do cone sul em lugar de europeus ou
americanos. Tudo bem que nem sempre o nosso vinho tem preço competitivo,
mas com uma boa dose de perseverança podemos encontrar bons caldos. Os
espumantes não me deixam mentir, não devem nada aos demais.
Dica da Semana: uma destas descobertas, numa prova oferecida em uma delicatessen.
Produtor: Luis Segundo Correas
País: Argentina/Mendoza - Medrano
Com uma bela coloração
amarelo ouro com reflexos esverdeados, seu intenso aroma lembra flores
brancas, ervas e frutas brancas. No palato tem acidez equilibrada e
final de boca muito longo, atípico para esta casta. Elaboração
primorosa. Bom companheiro para um final de tarde ou borda de piscina.

















