Talvez o vinho típico mais conhecido seja o Chianti, obtido com a Sangiovese, aquele da garrafa embrulhada em palha. Produto da Toscana que teve a infelicidade de ser (mal) copiado por produtores inescrupulosos. Chegou a ser considerado um vinho de segunda para desespero dos apreciadores. Após alguns ajustes na condescendente legislação local, existem, hoje, dois tipos de Chianti: o clássico e o DOCG. Apesar da evidente melhora na qualidade, houve uma descaracterização.
O Brunello de Montalcino, toscano como o anterior, é obtido através da vinificação de um clone da Sangiovese, chamado Grosso ou Brunello. É um dos vinhos mais caros da Itália, por isto mesmo, copiado e falsificado. Com o intuito de aumentar a competitividade no mercado mundial, produtores oportunistas incluíram outras uvas, não italianas, como a Merlot e a Cabernet na sua elaboração. Um escândalo nacional! O Ministro da Agricultura perdeu seu cargo por não ter exercido os controles com a devida autoridade. O vinho adulterado foi rebaixado e rotulado como Rosso de Montalcino. Resultado prático: ficou difícil confiar nos vinhos que estão à venda.
Uva Nebbiolo
A
grande cepa nacional, Nebbiolo, da região do Piemonte, é tão temperamental e
difícil de vinificar quanto a Pinot da Borgonha. Dois fabulosos vinhos são
produzidos a partir dela. O mais famoso é conhecido como Rei dos Vinhos há,
pelo menos, 200 anos, epíteto cunhado por um francês que foi contratado para
vinifica-lo: O Barolo. Até o início do século XIX, o vinho produzido na região de Barolo era uma bebida doce ou, na versão mais seca, um vinho amargo e tânico. Coube à Marquesa Giuletta Falletti convidar o enólogo francês Louis Oudart para mudar este quadro. Em pouco tempo estava vinificando uma das maravilhas do mundo dos vinhos. Seu grande divulgador foi o Conde Cavour que o apresentou a realeza. Rapidamente os demais vinicultores do Piemonte copiaram o modelo de Oudart. Nascia a lenda.
Castelo de Barolo
Pelo método tradicional,
utilizado até hoje, as uvas são colhidas prematuramente, seguida de uma longa
fase de maceração e fermentação. O vinho é envelhecido por um longo período,
acima de três anos, em grandes dornas de carvalho esloveno. Uma vez
engarrafado, é necessário esperar mais alguns anos para domar a acidez e o
tanino. O resultado final é surpreendente, com aromas de rosas, notas de
alcatrão e sabores inebriantes. A Guerra dos Barolos
Com a expansão dos vinhos feitos no Novo Mundo, este e outros monstros tradicionais da vinicultura europeia, rapidamente perceberam que teriam que se atualizar: esperar mais de cinco anos para colocar um vinho no mercado, mesmo que fosse um produto inigualável, começava a deixar de ser um bom negócio.
Alguns renomados produtores do Barolo modernizaram técnicas e métodos, adotando o modelo que fazia sucesso: tanques de Inox com temperatura controlada, uvas colhidas no ponto ideal, menor rendimento nos vinhedos, maceração a quente, fermentadores rotativos, enfim, tudo que a moderna tecnologia pode oferecer. O produto final foi, novamente, um vinho maravilhoso. Mas gerou uma verdadeira guerra, de um lado, os tradicionalistas, de outro os modernistas.
Não há vencedores ou derrotados, talvez, o orgulho ferido de um vinhateiro mais arraigado às tradições. Ganham os consumidores.
Principais Produtores
Copiando a vida real onde há tantos títulos da nobreza italiana à disposição de quem se dispuser a pagar por eles, há uma infinidade de Reis do Barolo. Vamos apenas citar alguns.
Os nomes mais respeitados entre os tradicionalistas são: Giuseppe Rinaldi, Giuseppe Mascarello, Giovanni Conterno, Paolo Conterno, Cavallotto, Bruno Giacosa, Luigi Pira e Vietti.
Os modernistas são: Scavino, Ceretto, Sandrone, Domenico Clerico, E. Pira, Parusso, Silvio Grasso e Pio Cesare.
Dois produtores fazem uma fusão destas escolas: Roberto Voerzio e Elio Altare.
O outro vinho, famoso, produzido com a Nebbiolo é o Barbaresco, que tem como expoente o produtor Angelo Gaja, o nome mais conhecido do moderno vinho italiano. Sua versão do Barolo é o Sperss. Mas esta é outra história...
Vinhos de Angelo Gaja
Dica da
Semana: Não existem Barolos ou Barbarescos com preços acessíveis aos pobres
mortais. Procuramos um vinho de um ótimo produtor, Batasiolo, vinificado com a
uva Nebbiolo. Batasiolo Langhe Nebbiolo
Da uva cultivada nos vinhedos da prestigiosa zona de Langhe, obtém-se um vinho tinto grená de sabor pleno e harmonioso. O perfume é intenso e delicado, com traços de fruta madura que muda para um agradável traço de especiarias se o vinho for envelhecido.
Harmonização: Rondelle de ricota e espinafre com molho ao sugo.








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