Quando falamos de vinhos sempre aparece alguma forma
de classificação. A primeira e mais intuitiva é mencionar a cor: tinto,
branco ou rosé. Outras classes podem ser menos intuitivas, como Velho x
Novo Mundo, ou vinhos de cada país produtor e mais uma interminável
série que inclui até mesmo o “gosto ou não gosto”, que seria,
provavelmente, o primeiro ponto de cruzamento de informações entre
apreciadores e sua bebida predileta.
O próximo passo é começar a classificar
os enófilos. Não são tantas as possibilidades, mas uma delas faz uma
interessante divisão: os que apreciam um bom vinho pelo prazer que isto
proporciona e os que degustam o vinho em busca de uma “experiência”
única. São dois patamares bem distantes um do outro apesar de uma
superposição inevitável, em ambos os casos há a busca pela satisfação.
As diferenças começam na compra dos
vinhos. No primeiro caso, não há uma preocupação com rótulos, no sentido
mais objetivo da palavra. A meta é encontrar uma boa relação custo x
benefício. A graça toda está em descobrir algo delicioso e quase
desconhecido. Os que se enquadram neste grupo são considerados como
aventureiros, desbravadores, que nem sempre encontram o pote de ouro no
final do arco íris. Mas a “busca” sempre vale a pena, algo como fazer o
Caminho de Santiago de Compostela.
O segundo grupo pode ser chamado dos que
“escolhem com sabedoria”. O principal objetivo é degustar aquela garrafa
icônica, rara e cara. Para isto dar certo é preciso que o lastro
financeiro seja grande, pois pode sair muito caro. A compra destes
vinhos é feita de maneira bem diversa da forma como o outro grupo opera.
Estamos falando de leilões, visitas às grandes
vinícolas do mundo e até mesmo em compras consorciadas. Para tudo dar
certo, um bom conhecimento do terreno onde se vai caminhar é muito
importante e um trabalho de pesquisa e informação deve ser elaborado com
muita atenção antes da compra final. É nesta área que proliferam as
mais diversas falsificações que vão desde um rótulo famoso retirado de
uma garrafa original e colado num vinho qualquer até elaboradas
preparações com um envelhecimento artificial de envases, rótulos e
rolhas capazes de ludibriar o melhor dos especialistas.
Uma das bíblias de cabeceira dos enófilos
deste grupo é um interessante guia de bolso organizado por Hugh
Johnson, o mais popular crítico e autor inglês sobre vinhos, com
diversos livros publicados em todo o mundo. Este guia, atualizado
anualmente, tem como objetivo principal informar ao leitor quando um
vinho está pronto para ser degustado. Em segundo plano, informa o quanto
ele agradou ao autor através de um simples sistemas de “*”, com um
máximo de 4.
O livro é organizado por países produtores e dentro
de cada divisão, estão as sub-regiões, os produtores e os vinhos,
separados por safras. Na edição de 2015 são contemplados cerca de 6.000
vinhos. Uma série de informações acompanham as avaliações o que
transforma este livrinho numa relevante fonte de consulta. Vale a pena
manusear o compêndio e apreciar como ele se utiliza das safras, muito
desmitificadas em uma de nossas colunas semanais. Aqui o bom uso desta
informação é a alma do negócio.
Numa recente comemoração, o amigo M.A.R.
nos convidou para um jantar acompanhado de dois excelentes vinhos,
escolhidos criteriosamente no guia de Hugh Johnson, com as 4 estrelinhas
na cor vermelha, símbolo de que o vinho foi particularmente apreciado
pelo autor.
O branco foi o Dönnhoff Felsenberg 2010, um Riesling alemão da região do Nahe classificado como um “fora de série”.
O tinto selecionado foi o Montille Volnay
Les Champans 2006, um maravilhoso Pinot da Borgonha da região de Cote
d’Or, que não ficou devendo nada ao 1º vinho. Uma experiência quase
transcendental, emoldurada pela excelente cozinha de um dos bons
restaurantes cariocas.
Vinhos escolhidos com sabedoria e conhecimento e degustados com um máximo de prazer.
Onde vocês se encaixam?
Dica da Semana: para não deixar ninguém com água na boca. Embora seja 1 ano mais novo, recebeu o mesmo OK! de Hugh Johnson.
Hermann Dönnhoff Riesling Fruchtige QbA 2011
Palha cristalino de média intensidade.
O nariz mostra sensuais notas de cítricos confitados e mel emergindo de uma afirmativa base mineral.
Em boca mostra um delicioso balanço entre os açúcares residuais e a gulosa acidez.
Camarões ao molho cremoso de curry e
gengibre; Peixes de rio grelhados, servidos com gratin de batatas;
Sashimi de salmão defumado.



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