Muita coisa divertida acontece numa viagem como a que
relatamos nas três colunas anteriores. O grupo era muito unido
proporcionando bons momentos durante os deslocamentos ou nas visitas
às lojas de vinho da cidade de Mendoza.
Vamos contar alguns destes
"causos"...
1 – Os grandes vinhos provados
Houve, sem dúvida, um vinho que foi
escolhido como o melhor de todos. Esta honraria foi concedida, por
unanimidade, ao Paradigma elaborado no Domaine St. Diego pelo enólogo
Angel Mendoza, que também foi eleita como a “melhor visita”. O
problema foi que qualquer outro vinho provado depois deste ficou em
segundo plano...
Para permitir uma avaliação, destacamos os seguintes vinhos degustados:
Bodega Sinfin Guarda de Família – 93 pontos Descorchados
Bodega Melipal Nazarenas Vineyard Malbec – 93 pontos Wine Enthusiast
Dominio del Plata Brioso – 93 pontos Descorchados (mesma pontuação do Bem Marco Expressivo)
Ainda de acordo com o Guia Descorchados o campeão
Paradigma recebeu 94 pontos.
Outro grande vinho provado, o Mariflor
Camille de Michel Roland ainda não foi cotado por nenhum crítico. O
Malbec Gran Reserva da Dolium, cotado com 92 pontos por Robert Parker,
foi o que menos nos impressionou.
Se a St. Diego não tivesse sido a 1ª
visita do dia este resultado poderia ser outro.
Estratégias a serem
pensadas na próxima viagem...
2 – Quase uma debandada
Estávamos a caminho da última visita do
dia onde seria o nosso almoço.
Atrasados, como de hábito, pois a cada
vinícola multiplicavam-se os interesses, o nosso simpático motorista
se perdeu e resolveu fazer uma paradinha para perguntar qual seria o
melhor caminho até nosso destino.
Vejam onde ele resolveu parar:
(jamon crudo = presunto crú)
O que vocês estão vendo sobre o balcão do reboque é
um enorme filão de pão caseiro com uma aparência estupenda. Some a
nossa fome e...
Pena que não deu tempo de provar, mas ficou anotado para uma visita futura.
A foto é do Fábio.
3 – Final de tarde na cidade
No mesmo quarteirão de nosso hotel,
bastando virar a esquina, estava localizada uma das melhores lojas de
vinho de Mendoza, a Sol y Vino. Muito sofisticada é mais que uma
simples loja de bebidas incluindo no seu leque de produtos itens como conservas,
chás, objetos de decoração, etc.
Ao contrário do nosso país, onde
vinho é considerado um artigo de luxo e taxado de acordo, na Argentina
faz parte da cesta básica, é um alimento! A seguir uma foto do salão
principal para os leitores avaliarem.
Toda noite havia um evento, aberto, com vinícolas boutiques,
degustação de novos produtos ou até mesmo eventos privados como o que
fizemos.
O grupo resolveu degustar um dos meus vinhos favoritos, o
Lagrima Canela da vinícola Bréssia, um excelente corte branco de
Chardonay e Semillon escolhido pelo Guia Descorchados como o melhor em
sua categoria, recebendo 94 pontos.
Outros vinhos foram provados e várias compras
efetuadas: os preços eram ótimos.
Não existe nada parecido por aqui,
pena... (foto do Marcio)
4 – As opiniões de cada um
Pedi aos companheiros de viagem que resumissem os melhores momentos: reproduzo a seguir alguns comentários:
“Para mim, os harmonizados, todos, foram o
alto da viagem. Excepcionais. A qualidade dos pratos aliada à
perfeita harmonização dos vinhos, em ambiente extremamente agradável e
exclusivo superou todas as expectativas.
A visita ao Angel Mendoza foi também legal, especialmente pela qualidade dos vinhos.
A visita à Dolium me pareceu o ponto
baixo. Não era bonita e o vinho não era bom. A Sin Fin, ao menos, tem
belíssimas instalações”.
Fábio
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“Concordo com o Fábio, as harmonizações
foram o forte: na Melipal, onde a carne estava deliciosa; na Suzana
Balbo o lugar é fantástico. A vinícola do Angél Mendonça é realmente
especial.
Toda viagem foi muito bem balanceada entre lugares arquitetônicos e produção artesanal”.
Gustavo
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“Nossa viagem foi recheada de momentos especiais, vou destacar alguns:
- Parada em Buenos Aires com
almoço relâmpago no Sucre. No retorno, o Ronald resolveu encarnar no
taxista que, vendo o grupo de trás rindo aos borbotões, não deixou
barato. Os dois, trocando farpas em espanhol, protagonizaram uma cena
hilária, impagável!
- Jantar no restaurante Ana Bistrô. Tive a sorte ao escolher um cordeiro fantástico, o melhor prato da viagem.
- Ponto alto da viagem foi a visita ao Domaine St.
Diego, local belíssimo e os melhores vinhos da viagem. Considero este
vinho (Paradigma) o melhor da viagem, deveria ter comprado mais.
- Gostei muito da loja de vinhos próxima
ao nosso hotel, infelizmente não temos algo parecido por aqui, até
porque os preços assustam e o vinho ainda é encarado como algo
elitizado, uma pena.
- Por fim, não posso deixar de destacar a
nossa visita a Susana Balbo. O local é muito bonito, bons vinhos e
comida excelente, melhor harmonizado da viagem”.
(Lobianco, Ronald, Márcio e Fábio)
Márcio
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Ronald preferiu dividir com todos os leitores alguns instantâneos especiais. Segundo suas palavras, “pura diversão”:
(Borrachera = Bebedeira)
5 – as “últimas” garrafas
Numa das minhas visitas anteriores provei
um vinho chamado Oportuno, uma das muitas aproximações a um Vinho do
Porto (o nome é uma referência) produzido em Mendoza. Ficou na memória
e sempre o mencionava quanto o assunto era harmonizar sobremesas.
Fiquei todo animado pois visitaríamos a
vinícola que o produzia (Domaine St. Diego) e comecei a tecer loas a
respeito dele. Todos se interessaram, especialmente o Ronald,
apreciador deste tipo de vinho.
Para aumentar as nossas expectativas,
lá estava ele na carta de vinhos do Ana Bistró, no nosso jantar de
boas vindas a Mendoza. Nem pedimos, queríamos provar na fonte!
Mal sabíamos que não era mais produzido.
Foi aquele banho de água fria. As uvas originalmente destinadas ao
Oportuno são usadas atualmente para o Pura Sangre Nueve Lunas.
Inconformado, pedi ajuda a nossa guia
para saber se o Ana Bistró me venderia uma garrafa. María José
descobriu que restavam apenas duas na adega do restaurante e as
arrematou, me presenteando com elas.
Para não deixar de cumprir a minha promessa, repeti a gentileza entregando uma garrafa para o Ronald.
Provavelmente as últimas deste raro vinho que deixou de ser produzido há quatro anos.
Houve outro episódio semelhante. Tínhamos uma
encomenda de um licor Triple Sec (à base de laranja), produzido por
uma destilaria mendocina, a Tapaus, localizada do outro lado da rua em
frente à Domaine St. Diego.
Seria uma compra fácil, era só atravessar
a rua...
Não foi bem assim!
A destilaria não
existe mais, os sócios se desentenderam, venderam todos os
equipamentos e o antigo prédio está sendo convertido para uma
olivícola e um restaurante.
Outra ducha fria...
Lembramo-nos de uma lojinha, em Mendoza,
que há muito tempo atrás vendia os produtos desta finada empresa e
fomos até lá. Encontramos uma única garrafa à venda. Segundo a
vendedora, a última...
6 – A esticada em Buenos Aires
A capital da Argentina tem outros
encantos bem diferentes da “capital do vinho”.
Sempre vale a pena
passar alguns dias desfrutando das boas tradições Portenhas. Não
tínhamos uma programação definida como em Mendoza, apenas alguns
desejos e uma boa lista de encomendas, inclusive de vinhos.
Os que viajaram para o Rio no próprio
domingo compraram seus vinhos nas vinícolas, nas lojas da cidade ou no
free shop do aeroporto.
Como só retornaríamos no meio da semana, não
tinha sentido chegar a Buenos Aires com as malas cheias. Aproveitamos
para garimpar em lojas que não conhecíamos. Tivemos boas surpresas.
Sua proprietária, a simpática Tamara Evans, tem a
preocupação de manter um leque de produtos muito interessantes que
mistura o que ela classifica como “os mais procurados” e algumas
garrafas especiais para os enófilos em busca de vinhos mais exóticos.
Boas compras por lá.
A outra descoberta foi ao acaso. Uma das
encomendas da nossa lista era o Linda Flor Chardonnay, geralmente uma
compra fácil na Tonel Privado ou na Winery, duas lojas tradicionais.
Estava em falta o que nos obrigou a pesquisar em outros
estabelecimentos.
Já estávamos quase desistindo quando descobrimos, ao
lado de nosso hotel, uma loja de artigos de couro e vinhos, a
Alpataco (Quintana 450 – www.alpatacoweb.com.ar),
onde fomos muito bem atendidos e encontramos o que buscávamos.
Aproveitei e fiz mais umas comprinhas...
Duas novas descobertas que vão
entrar na nossa lista de recomendações.
Mais dois destaques, desta vez puro entretenimento:
- na 2ª feira saímos em busca de um show
de música folclórica que acontecem nas Peñas, misto de restaurante e
casa de show. Neste dia, só havia na La Peña del Colorado (http://www.lapeniadelcolorado.com/)
oferecendo um espetáculo “Afro-Peruano”.
Sem ter bem certeza do que
se tratava, lá fomos nós 4 atrás de boa diversão.
Valeu a pena! Apesar
do vinho...
Ambiente rústico e familiar, cardápio
típico, boa música e uma minúscula carta de vinhos quase
desconhecidos. Para não arriscar, optamos por um Malbec Penedo Borges, que depois de todos os bons vinhos provados em Mendoza
nos pareceu fora de contexto. Para acompanhar, empanadas (deliciosas) e
Choripan (pão com linguiça).
Divertimo-nos muito. “Afro-Peruano”
provou ser uma série de boleros e uma pitada de salsa (pista de dança
aberta), muito bem interpretados pelo grupo musical que absorvia todos
os músicos que apareciam por ali, com especial ênfase nos que tocavam
o “cajon peruano”, uma caixa de madeira que se encarregava da
percussão.
Excelente. Vamos voltar lá sem dúvida.
- Para não perder o ritmo de Mendoza continuamos
nossa maratona enogastronômica.
Um dos destaques foi um restaurante que
reabriu, em novo endereço, agraciado com o título de “melhor cozinha
de Buenos Aires - 2013”, o Freud & Fahler (Cabrera y Godoy Cruz –
Palermo). Como era hora do almoço, optamos pelo menu executivo da
casa, 180 pesos (R$ 36,00) com entrada, prato principal, sobremesa e 1
taça de vinho.
Dentre as várias opções escolhemos saladas, carne e
massa, escoltados por um bom Chardonnay patagônico (o nome se perdeu
em minha anotações).
O restaurante é bem simples e
confortável. A base é uma padaria, a cesta de pães oferecidas como
couvert era de comer rezando. A tudo estava delicioso e as porções eram
mais que suficientes.
Muito bom, na próxima visita vamos para o jantar
que tem um cardápio muito elaborado.
Na manhã seguinte partimos de volta ao Rio de
Janeiro, já sonhando com a próxima viagem.
Estamos pensando seriamente
em inaugurar o “Boletim Eno Tours”, muita gente interessada.
Cartas para a redação!
Dica da Semana: para não fugir do tema, mais um bom argentino, desta
vez branco.
Crios Chardonnay 2012
Vinho muito versátil que apresenta aromas de frutas brancas maduras, abacaxi e maçã, notas de baunilha.
Paladar frutado, refrescante, com bom corpo e estrutura.
Harmonização: peixe assado com
tomilho e alecrim, espaguete com molho cremoso de queijo, salada de
bacalhau, torta de palmito, quiche de alho poro, moqueca, bolinho de
arroz.
88 pontos no Guia Descorchados