Uma das confrarias que participo sempre
aproveita a data do aniversário de um confrade para organizar uma de
suas reuniões. Uma divertida regra faz tudo começar com o pé direito:
além de não pagar sua cota na conta, o aniversariante pode indicar o
local de sua preferência.
Neste mês de janeiro, o local escolhido
foi um simpático restaurante italiano, a Casa do Sardo, localizado em
São Cristóvão-RJ. Nunca havia sido feito um encontro por lá, embora 2
confrades já conhecessem a casa. As recomendações eram muito boas, são
dois chefes, um Sardo e outro Siciliano, que tocam magistralmente a
cozinha. O local é simples, rústico, mas muito confortável. Atendimento
de 1ª linha – a equipe foi treinada pelos proprietários nos padrões
europeus de qualidade. A grata surpresa é que a casa permite que os
clientes levem seus vinhos, nada é cobrado.
Reservamos uma mesa e chegamos pontualmente às 12:30h, dentro do horário previsto para garantir a reserva. E começou a festa!
Enquanto aguardávamos a chegada do nosso
Diretor de Gastronomia, encomendamos o antepasto do dia, uma boa tábua
de queijos e frios acompanhada por um delicioso pão italiano feito na
casa. Abrimos o ‘Vinho da Diretoria’, algo muito especial, só para os
madrugadores... Um excelente branco argentino, o Lagrima Canela, um
corte de Chardonnay com Semillon elaborado por Walter Bressia. Foi
escolhido pelo guia Descorchados 2013 como o melhor branco daquele
país.
Com a chegada do responsável pela parte
gastronômica, foram selecionadas algumas entradas: carpaccio de
tentáculos de polvo com pimenta rosa; mix de bruschettas; presunto
Parma. A esta altura, o único branco já havia sido devidamente
enxugado. Entramos nos tintos. O primeiro foi o Tribal, um tinto
sul-africano, elaborado a partir de uvas viníferas das variedades
Pinotage e Pinot Noir. Sua cor é rubi claro, límpido e brilhante,
aromas com notas de morango, pimenta do reino e frutas vermelhas.
Macio, bom corpo, taninos elegantes e final seco.
Com 9 pessoas presentes, as garrafas
secavam rapidamente. Foi a vez do Conti Neri Valpolicella. Com uma
coloração vermelha rubi intensa, tendendo a granada. Buquê
característico com perfume delicado. Seco com corpo médio.
Começamos a encomendar os pratos principais. Mesmo sabendo que só haviam tintos, a turma preferiu encomendar frutos do mar, nas diversas variações oferecidas no cardápio. Com poucas exceções, ninguém se importou em harmonizar nada, ou melhor: “partimos para grandes experimentações...”.
Começamos a encomendar os pratos principais. Mesmo sabendo que só haviam tintos, a turma preferiu encomendar frutos do mar, nas diversas variações oferecidas no cardápio. Com poucas exceções, ninguém se importou em harmonizar nada, ou melhor: “partimos para grandes experimentações...”.
A próxima vítima foi o excelente Paulo
Laureano DOC Premium, um corte Alentejano de 20% Alicante Bouschet, 40%
Aragonez, 40% Trincadeira. Coloração granada intensa apresentando
aromas de compotas de frutos negros mesclados com notas de chocolate
escuro. Outro excelente vinho. Em termos de aceitação estava
‘empatado’ com o anterior.
Os dois próximos vinhos fizeram o cacife
subir bastante. Abrimos o 100% Tempranillo Marqués de Riscal. Um vinho
vermelho intenso com borda rosada e aromas inicialmente fechados que
rapidamente se abrem revelando frutas maduras, especiarias e toques de
carvalho e tostado. No palato, toques de caramelo e tostado típicos
desta casta. Houve um momento de silêncio na mesa. A coisa estava
séria. A comida foi servida. Tudo estava perfeito. Que me desculpem os
conservadores, simplesmente esquecemos até mesmo as mais simples
regras de harmonização. Só um adjetivo: delicioso!
Próximo vinho: na abertura do Miguel
Escorihuela Gascon um momento de drama: a rolha, com quase 10 anos, se
esfarelou e teve que ser empurrada para dentro da garrafa. A equipe
do restaurante trouxe um decantador e o vinho foi vertido
delicadamente. Pela cor, estava tudo em ordem, o que foi confirmado no
palato – excepcional! Este é um dos grandes vinhos argentinos.
Coloração rubi muito profunda, com a tonalidade púrpura típica da
Malbec. A estrutura tânica, os toques de especiarias da Cabernet e os
toques de frutas vermelhas da Syrah complementam em perfeita harmonia
a forte personalidade da Malbec, o que torna esse vinho intenso,
bastante complexo e muito fácil de beber. Certamente o melhor vinho do
almoço.
Como o movimento do restaurante já havia
diminuído, recebemos a visita do Chef Silvio Podda que se interessou
pelos nossos vinhos, provando alguns e solicitando indicações para sua
boa carta. O aniversariante foi agraciado com uma sobremesa.
Já no capítulo final da farra, abrimos o
argentino Dignus Malbec, macio e agradável, com aroma fresco de frutos
vermelhos e o uruguaio Don Pascual Pinot Noir, redondo, com frutas
vermelhas intensas, taninos presentes e aveludados. Outros dois bons
vinhos, corretos e ótimos coadjuvantes para o Marqués de Riscal e o
Miguel Escorihuela Gascon, escolhidos como os melhores deste encontro.
Para brindar e encerrar, Villaggio Grando Brut, um dos bons espumantes da serra catarinense.
Todos os confrades voltaram para suas residências sem problemas...
Fotos: Pedro Costa e Enoeventos
Dica da Semana: uma proposta: que tal trocar a cerveja do carnaval por um delicioso Rosé?
Produtor: Hecht & Bannier
País: França/Languedoc-Roussillon
Uva: Syrah (maior parte), Grenache e Cinsault
Este delicioso rosado é saboroso e fresco com muita fruta e um ótimo final de boca. Temperatura de serviço: 13º a 16º







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