Alsácia
Para finalizar, vamos conhecer um pouco desta curiosa região
francesa de forte influência germânica. Localizada entre as montanhas Vosges a
oeste e o Rio Reno e a Alemanha a leste, este pequeno paraíso, que já mudou de
nacionalidade pelo menos 4 vezes, foi declarado território francês após a
Grande Guerra.
Verdadeiro caldeirão cultural absorveu o que havia de melhor
do cenário vinícola dos dois países o que poderia ser definido como um modo alemão
de fazer vinhos franceses: o formato das garrafas tem enorme significado. Uma
legislação rigorosa impõe limites que asseguram esta excepcional qualidade de
seus vinhos.
Apenas 9 varietais são oficialmente permitidas: Riesiling,
Pinot Gris, Gewüztraminer, Muscat, Pinot Noir, Pinot Blanc, Auxerrois Blanc,
Sylvaner e Chasselas.
Existem outras castas plantadas, mas não são significativas.
As seis primeiras são as mais importantes. A Muscat desempenha o papel de 4º
Mosqueteiro no trio apresentado enquanto a Pinot Noir é a que produz o único
tinto da região, muito diferente daqueles da Borgonha. Além deste são
elaborados vinhos brancos, rosados e um excelente espumante o Cremant d’Alsace.
Unicamente
as 4 uvas principais podem ser classificadas com a mais importante denominação,
“Grand Cru”, dependo da área de plantio. Cerca de 50 vinhedos estão assim classificados
e são conhecidos mais pelo nome de seus produtores do que pela região ou vila
em que estão geograficamente localizados. Curiosamente, nem todos os produtores
endossam este sistema vendendo seus vinhos livremente e independentes da
burocracia vigente. Quase sempre estão entre os melhores...
O vinho alsaciano é tipicamente gastronômico, perfeito para
acompanhar saborosas refeições. A grande surpresa fica por conta da pouca
popularidade destes brancos. Alguns especialistas apontam a garrafa longa com
um fator que trás grande confusão com os vinhos alemães, nem sempre bons e
muito falsificados. Por outro lado o marketing da dupla Chardonnay e Sauvignon
Blanc é tão forte que vale a pena perguntar: “Quem conhece Gewürztraminer,
Muscat ou Pinot Gris?” Uma pena, pois são grandes vinhos em todos os sentidos,
infelizmente, muito caros no nosso país.
Os vinhos mais simples, ainda assim muito saborosos, são um
corte denominado Edelzwicker. As classificações seguintes são AOC Alsace e AOC
Alsace Grand Cru (AOC = Denominação de Origem Controlada). Importante notar que
nos rótulos é obrigatória a presença do nome da varietal. Esta é a única região
francesa com esta exigência. Duas outras classificações são a “Vendange Tardive”
(colheita tardia) e “Sélection de Grains Nobles” (colheita de grãos
Botritizados) que são os vinhos de sobremesa.
Para os leitores aventureiros, fazer a Rota dos Vinhos
Alsacianos é um dos melhores passeios que conhecemos. O centro de tudo é a
cidade de Colmar. Pode-se partir dali ou optar por começar em Thann acompanhado
o Rio Reno até Marlenheim, próximo a Strasbourg.
Esta
rota existe a 60 anos e todo visitante é bem vindo em qualquer época do ano. Os
alsacianos se esmeram para mostrar os seus vinhos e uma fantástica culinária. Somos
recebidos de braços abertos até mesmo durante as pesadas fainas da colheita e
vinificação.
As
localidades de Colmar, Kaysersberg, Riquewihr e Illhaeusern são pontos
obrigatórios. Lá estão alguns dos melhores Chefs de cozinha, com pratos
perfeitos para harmonizar com os vinhos de produtores como Kuentz-Bas,
Trimbach, Marcel Deiss, Zind Humbrecht, Beyer, Rolly Gassmann, Weinbach, Bruno
Sorg, Marc Kreydenweiss, Hugel, Domaine Ostertag, Albert Boxler, Schlumberger
entre outros.
A
seguir, alguns produtores e seus vinhos icônicos.
Maison Trimbach
Produzindo
desde 1626, está na 12ª geração de vinhateiros dando continuidade a uma
impecável reputação. Um dos seus Riesilngs o Clos Sainte Hune é considerado como o melhor do mundo por críticos
do calibre de Jancis Robinson e Hugh Johnson.
Segundo
o produtor, "para se regalar com um Clos de Sainte Hune, é necessário
esperar pelo menos 10 anos para que ele mostre seu verdadeiro potencial, 15
anos, em geral, ele está perfeito ao início de seus 20 anos, ou até
mais"...
Proveniente de um verdadeiro Clos, plantado em anexo à igreja da família em Hunawihr, o Sainte Hune não é produzido em volume maior que 10.000 garrafas, devido à baixíssima produção das videiras de 50 anos em um restrito terroir.
Opinião dos Especialistas:
Wine Spectator: 94 pontos (2001) 96 pontos (1996)
Robert Parker: 94 pontos (2000) 95 pontos (1998)
Wine Enthusiast: 93 pontos (1998)
Opinião dos Especialistas:
Wine Spectator: 94 pontos (2001) 96 pontos (1996)
Robert Parker: 94 pontos (2000) 95 pontos (1998)
Wine Enthusiast: 93 pontos (1998)
Domaine Zind-Humbrecht
Porduzindo
vinhos desde 1620, esta vinícola é considerada como o melhor produtor de vinhos
brancos do mundo. Uma unanimidade tão grande que é mesmo surpredente: Bettane
& Dessauve (entre os mais respeitáveis críticos na França) o considera
"como um produtor excepcional, representante da qualidade mais
absoluta."
Robert
Parker diz: "Não sei o que é o mais extraordinário, a qualidade dos vinhos
ou a dedicação completa de seu proprietário Olivier Humbrecht. Esse grande homem, forte e
intelectual é provavelmente o melhor produtor do mundo".
Jancis
Robinson: " Sou admiradora de sua incessante procura pela a melhor
qualidade".
Seu
vinho mais conceituado é o Sélection de Grains Nobles Pinot Gris Clos Jebsal
O
vinho precisa de alguns minutos para revelar sua extraordinária textura. O
nariz é muito sutil, com notas confitadas, aeradas. A boca, untuosa, é duma
pureza e densidade impressionantes. Nesse nível de concentração qualquer
desvio seria perceptível. Mas aqui o açúcar e a acidez são concentrados num
equilíbrio perfeito. O material é denso, aveludado. Tem uma riqueza extrema, um
acidez excitante. É a pureza de equilíbrio e persistência quase infinitos.
Provavelmente um dos melhores licorosos já produzidos, que recebeu os elogios
de todos os grandes críticos (Parker: 97/100, Bettane & Dessauve 19/20
etc...).
Se tornou um vinho ícone.
Domaine Schlumberger
É
o maior produtor da Alsácia. Em atividade desde 1810. O vinhedo já existia na Idade
Média e algumas das adegas, ainda em uso, datam daquela época. Há um
perfeito casamento entre tecnologia e tradição - carroças puxadas por cavalos e
helicópteros se unem no mesmo esforço de qualidade. A coerência e a harmonia do
processo de produção são obras de várias gerações dedicadas a esses
"terroirs" privilegiados e orgulhosos de uma fama internacional.
Dentre sua inacreditável linha de vinhos destacamos o Gewurztraminer Grand Cru Kitterlé.
Produzido num espigão rochoso, com inclinação de 30 a 60% e
excelente exposição sul-oeste a sudeste. O solo leve e arenoso é segurado por
muros de pedras secas. Rendimento de 25 hectolitros por hectare. Colheita
manual e prensagem das uvas inteiras. Criação sobre borra durante oito meses em
tonéis de carvalho, com controle de temperatura.
Sua coloração é amarelo ouro claro, com reflexos verdes. No
nariz é intenso porem delicado, com notas tropicais (lichia, manga) e
especiarias (gengibre). Com a evolução percebem-se notas florais (rosa) e
cítricas (grapefruit). Na boca é Um vinho amplo, vivo e bem equilibrado. A
complexidade dos aromas se desenvolve fiel aos apresentados ao nariz. Bom
equilíbrio, persistência surpreendente.
Dica da Semana:
para celebrar tudo isto, mais um vinho de lá!
Crémant d´Alsace - $
René
Muré, pequeno produtor da Alsácia, explora o domaine familiar situado em
Rouffach. O solo de calcário argiloso confere a este espumante Brut seus aromas
cítricos e de frutas amarelas (damasco, mirabela) e sua estrutura elegante. As
parreiras tem idade media de 20 anos.
Uvas: Pinot
Blanc; Pinot Auxerrois; Riesling; Pinot Gris; Pinot Noir.
Cor amarela pálida, com reflexos verdes. Perlage fina,
numerosa e regular. No nariz trás aromas delicados florais (tília) e de frutas
(maçã); notas de canela e baunilha. Na boca é bem equilibrado e redondo. Seco e
aromático, com final vivo. Persistente.







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