#6: Os críticos de vinhos sempre dão as melhores dicas...
Para
finalizar esta primeira série sobre a mitologia do enófilo, vamos tocar
num assunto muito delicado. Pode até ofender alguns profissionais, mas o
nosso objetivo é explicar os fatos.
Começamos
usando o próprio exemplo desta coluna. Pelas nossas contas, esta seria a
de nº 140 e excetuando uma única vez que não fizemos uma indicação,
foram 139 dicas semanais. Em algumas ocasiões houve mais de uma dica,
com outras sugestões embutidas no texto.
Será que acertamos em todas?
Provavelmente não. Nem sempre agradamos a Gregos e Troianos e a ideia por trás da dica da semana era estimular o consumo de vinho. Por isto mesmo, com poucas exceções, eram vinhos agradáveis, fáceis de beber e numa faixa se preços convidativa. Escolhê-los não é uma tarefa simples e há muitas pessoas envolvidas que nos passam, direta ou indiretamente, algumas destas informações.
Provavelmente não. Nem sempre agradamos a Gregos e Troianos e a ideia por trás da dica da semana era estimular o consumo de vinho. Por isto mesmo, com poucas exceções, eram vinhos agradáveis, fáceis de beber e numa faixa se preços convidativa. Escolhê-los não é uma tarefa simples e há muitas pessoas envolvidas que nos passam, direta ou indiretamente, algumas destas informações.
Eis a
principal razão porque os críticos de vinhos, as listas de melhores
vinhos, as revistas e congêneres, não são infalíveis: gosto é um assunto
pessoal. Cada um deles têm suas preferências como qualquer outro
enófilo. Honestamente, é muito difícil ser isento numa análise que é
bastante subjetiva, por mais que nos atenhamos à fichas de degustação e
critérios previamente definidos. Nem o famoso Robert Parker escapa: sua
preferência por vinhos do Vale do Ródano é abertamente declarada e
conhecida.
Como proceder?
O primeiro
ponto para aproveitar uma dica de um especialista é conhecer o nosso
paladar. O segundo ponto é saber um pouco sobre vinhos ou pelo menos
sobre a recomendação, de maneira que possamos avaliá-la corretamente em
vez de sairmos desesperados em busca da “garrafa mágica”, que nem sempre
pode estar à venda em nosso mercado.
Novamente,
tarefa nada simples. Só com o tempo vamos moldando o nosso paladar e
refinando nossas escolhas vínicas. Para apreciarmos um vinho ou qualquer
outra bebida, a boa gastronomia, etc, é necessário que tenhamos
sensações específicas de aromas e sabores previamente registradas em
nossa memória gustativa/olfativa. Só assim seremos capazes de
rapidamente identificar o que nos é agradável, fazer combinações de
diversos ingredientes e realmente apreciar o que nos é servido. Cada um
de nós vai ter um “mapa” diferente destas impressões e vai reagir de
forma diversa em cada oportunidade. Insisto: isto vale para os críticos
também. Eles não são deuses e nem senhores de todas as coisas.
Resumindo: gosto é pessoal.
O segundo
ponto é ajustar o nosso paladar ao de um crítico de referência. Há
alguns fatores que devem ser observados, o principal deles é de ordem
cultural: qual o “background” e a origem do nosso autor preferido. Isto
pode dizer muito, mas nem sempre estas informações estão claras. Vamos
organizar um pouco as ideias.
Imaginemos um
crítico francês, povo que vivencia vinhos diariamente. Esta bebida faz
parte da dieta básica, é considerada como um alimento e tem preços
compatíveis com o dia a dia de um cidadão. Para um especialista como
este, sua escala de valores é bem definida e tem por ponto de partida o
que é consumido em sua casa, diariamente.
Um jornalista
especializado inglês ou norte-americano, embora consumam vinho em suas
dietas normais, levam em conta outros fatores regionais que afetam
diretamente suas indicações. Os ingleses são os maiores importadores de
vinhos do mundo enquanto os americanos olham muito para sua própria
produção da qual são extremamente orgulhosos. São dois vetores
importantes.
Nós teremos
melhores chances com os críticos brasileiros e sul-americanos: conhecem o
nosso mercado, o gosto predominante e estão atentos aos preços
extorsivos praticados, mesmo para produtores nacionais. Aqui o negócio é
faturar e não aumentar o consumo: se puderem lucrar tudo numa única
garrafa, melhor!
Vamos refletir sobre a lista anual de melhores vinhos da revista Wine Spectator; apresento os 10 melhores a seguir:
1 - Cune Rioja Imperial Gran Reserva – 2004 – 95 pts
2 - Château Canon-La Gaffelière St.-Emilion – 2010 – 96 pts
3 - Domaine Serene Pinot Noir Willamette Valley Evenstad Reserve - 2010 - 95 pts
4 - Hewitt Cabernet Sauvignon Rutherford – 2010 – 95 pts
5 - Kongsgaard Chardonnay Napa Valley – 2010 – 95 pts
6 - Giuseppe Mascarello & Figlio Barolo Monprivato – 2008- 95 pts
7 - Domaine du Pégaü Châteauneuf-du-Pape Cuvée Réservée – 2010 – 97 pts
8 - Château de Beaucastel Châteauneuf-du-Pape – 2010 – 96 pts
9 - Lewis Cabernet Sauvignon Napa Valley Reserve – 2010 – 96 pts
10 - Quilceda Creek Cabernet Sauvignon Columbia Valley – 2010 – 95 pts
Dos vinhos apresentados, encontrei 4 (quatro) à venda no Brasil, vejam as diferenças:
Dos vinhos apresentados, encontrei 4 (quatro) à venda no Brasil, vejam as diferenças:
- Cune Rioja Imperial, safra 2005 custa R$ 247,47 na Vinci Vinhos. Lá fora podemos comprar por US$ 63.00;
- Château
Canon-La Gaffelière, safra 2006, por R$ 699,00 na Grand Cru (mais caro
por ser uma safra mais antiga). No exterior custa US$ 110.00 (safra
2010);
- Château de Beaucastel Châteauneuf-du-Pape, safra 2009 por R$ 632,00 na Via Vini. Fora do nosso país custa US$ 120.00;
- Giuseppe
Mascarello & Figlio Barolo Monprivato. Safra 2006, por R$ 584,90 na
Decanter. Voltando de um passeio à Europa, compramos por US$ 110.00.
Excetuando o
vinho espanhol, nenhum deles é um vinho “barato”, nos padrões europeus
ou norte--americanos, mas acessíveis. Aqui são abusivos...
Só para
completar, não havia nenhum vinho nacional. Dos nossos vizinhos, 3
argentinos (nos 36, 42 e 73) e 3 chilenos (nos 44, 47 e 62). Fica fácil
perceber que devemos encarar estas relações de vinhos com uma certa
reserva: representam, na maioria das vezes, apenas desejos, metas para
termos em nossa adega. O ideal é confiarmos em nós mesmos aprendendo com
o tempo e com os erros. Os “especialistas” vão mostrar o caminho a
seguir, apenas.
Dica da Semana: sem, medo de errar. O da safra 2011 esta na lista citada. Mas ainda não estão vendendo por aqui. Até lá, fique com esta outra safra.
Elaborado
com uvas Malbec provenientes de vinhedos com mais de 30 anos, este é um
dos Malbecs mais emblemáticos da Bodega Norton. Um vinho encorpado e
elegante ao mesmo tempo, com boa presença de fruta e taninos macios.
Na boca é harmonioso, amplo e persistente. Indicado para pratos de carnes vermelhas, queijos de massa mole.

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