segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Querem mexer na minha taça de vinho!


Está em curso, nos grandes países do mundo, um movimento que pretende diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, por diversos motivos: diminuição de riscos à saúde; segurança pública; aumento de impostos; questões religiosas e morais, etc… 

Isto sempre ocorre quando se juntam médicos, políticos, autoridades eclesiásticas, entre outros, para decidir a vida do cidadão alheio. Combinação explosiva que sempre resulta em projetos, como este, que visam principalmente dar destaque a pessoas que precisam se expor ao máximo para saírem do limbo do ostracismo, uma vez que não têm a competência necessária para subirem na vida sem a escada dos outros.

Vide o caso da nossa estranha “Lei Seca”, mais uma arapuca para arrecadar um extra para os combalidos cofres nacionais e fazendo a felicidade de fabricantes de bafômetros e outros equipamentos e do congressista que vai passar o resto de sua vida alardeando ser esta lei de sua autoria. Até a propaganda que enfatiza o sucesso destas blitzes (totalmente ilegais segundo a nossa Carta 
Magna – direito de ir e vir) é irreal: Salvamos tantas mil vidas!

O número informado é igual ao de infrações aplicadas. Para eles, seríamos todos criminosos e cometeríamos um assassinato a cada taça de vinho ou copo de outra bebida alcoólica.

Não há nem mesmo, por exemplo, um dispositivo para avaliar portadores de diabetes: os que estão em hipoglicemia testam positivo no bafômetro, mesmo se não tiverem consumido nenhuma bebida alcoólica. Há outras exceções não consideradas: medicação homeopática também testa positivo…

Absolutamente sem sentido!

A campanha francesa tem por objetivo sensibilizar os apreciadores de um bom vinho para o que eles chamam de “Beber com responsabilidade”. O lema é muito simpático:

“Le Vin. Je l’aime, je le respecte” (O vinho. Eu o amo e o respeito.)

Tudo se baseia na fórmula “2.3.4.0”, ou seja:

2 taças por dia para as mulheres;
3 taças por dia para os homens;
4 taças no máximo por dia;
0 taças num dia da semana.

Algo perfeitamente factível e até recomendável numa cultura onde o vinho faz parte da dieta básica.

O problema está na definição do tamanho da taça, 100 ml, e no teor alcoólico do vinho, 12%.

Levando-se em conta que os tamanhos padronizados nos restaurantes são taças de 120 ml ou 150 ml, e que vinhos de 12% já não são fáceis de encontrar, fica tudo parecendo uma campanha para inglês ver.

Falando neles, a Inglaterra não ficou atrás. Uma organização dita “de caridade”, a Drinkaware, propõe um sistema de pontos para saber se uma pessoa bebeu dentro da faixa considerada responsável ou não. Há até um calculador que pode ser usado no seu celular ou computador:  
https://www.drinkaware.co.uk/understand-your-drinking/unit-calculator

A recomendação deles é um máximo de 14 pontos por semana, com dois dias de abstenção.

A imagem a seguir dá uma ideia do que isto significa:




Observem que a taça inglesa contempla 175 ml, algo bem mais palatável. Os copos de cerveja são de 600 ml. O teor de álcool previsto é de 13%.

Neste caso, segundo o calculador, uma taça corresponde a 2,3 pontos.
Novamente há um contrassenso: novas regulamentações de licenciamento de bares e restaurantes ingleses (2014) preveem taças de 125 ml.

Então, qual o sentido desta história de pontos?

Deve ser para confundir o consumidor, muito mais habituados com os tradicionais tamanhos de 175 ml e 250 ml, que acabaram por influenciar na compra do jogo de taças para uso doméstico. As de maior tamanho são mais bonitas, mas também significam um consumo maior. Indiretamente, resulta em maiores gastos e maior arrecadação de impostos.

Esta coluna sobre vinhos não pretende fazer apologias a se devemos ou não consumir bebidas alcoólicas ou endossar novos grupos conservadores que pretendem introduzir um novo período de abstenção, uma neo-proibição, nos moldes da Lei Seca norte-americana dos anos 20 e 30, com suas horríveis consequências.

Mas somos inteiramente a favor da moderação!

Aprecie seu vinho com calma, saboreie cada gole, curta o momento e deixe as crises e outras maluquices em segundo plano.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: vinhos rosados são uma boa pedida neste quente verão.




Hecht & Bannier Languedoc AOC Rosé 2013 – $$
Este delicioso rosado é saboroso e fresco com muita fruta e um ótimo final de boca.
Harmoniza com aperitivos, massas leves, peixes e frutos do mar.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Vinhos caros valem o que custam?


Este é um tema muito discutido entre enófilos apaixonados ou entre aqueles de “fim de semana”. Tão interessante e intrigante que foi objeto de um detalhado estudo econômico a cargo do controverso autor Robin Goldstein, publicado pela American Association of Wine Economists, em 2008.


Goldstein é muito conhecido por seus livros e outras proezas, como a de receber um prêmio da respeitada revista Wine Spectator, por um restaurante que, simplesmente, nunca existiu! Foi uma hábil manobra de cardápios e cartas de vinho brilhantemente elaborados e colocados num site especialmente criado para este fim. Queria demonstrar que estes “prêmios” não deveriam ser tão respeitados como o são.

No estudo em questão, ele chega a uma interessante conclusão:

“Numa amostra de mais de 6.000 degustações às cegas, percebemos que a correlação entre o preço (de um vinho) e a sua classificação (pontos) é pequena e negativa, sugerindo que indivíduos (sem treinamento sobre vinhos), na média, apreciem menos os vinhos caros. Para os indivíduos com treinamento sobre vinhos, entretanto, percebemos indicações de uma correlação positiva entre o preço e satisfação”. (A tradução é minha.)

Trocando em miúdos, os vinhos caros, icônicos, etc., são mais apreciados pelos especialistas, enquanto os pobres mortais preferem vinhos mais simples, descomplicados e baratos.

As conclusões deste trabalho estão longe de ser unânimes, mas uma coisa não se pode negar:

Um vinho de 100 reais é bem melhor que um de 50 reais.

Haveria uma explicação para isto?

Sim!

Uma das possíveis razões está ligada ao que se denomina açúcar residual: vinhos mais baratos têm um teor maior que o encontrado nos vinhos de ponta. Como todos sabemos, o açúcar é um grande sedutor!

Todos os vinhos têm uma parcela de açúcar que não foi convertida em álcool durante a fermentação. Uns mais, outros menos.

Não é uma coisa negativa, um defeito ou coisa parecida. A grande diferença está na forma como cada vinho é produzido, refletindo no resultado final: vinhos de paladar mais frutado (menor preço) e vinhos mais secos (mais caros).

Diversos fatores influem na formação do preço final de um vinho. Eis alguns deles:

Colheita mecânica x colheita manual;
Pequena produção x grande produção;
Carvalho americano x carvalho francês;
Envases simples x envases sofisticados.

Até mesmo a região onde cada vinho é produzido influi no preço final, terrenos em locais considerados como nobres são infinitamente mais caros que outros menos conhecidos. Bordeaux e Borgonha são bons exemplos se comparados com a nossa Serra Gaúcha…

Podemos concluir, com facilidade, que existe uma relação direta entre preço e qualidade de um vinho. Quanto menos pagamos por ele, de menor valor serão suas uvas, terroir, embalagem, etc., embora possam ser vinhos que se bebe com facilidade agradando a todos.

Não estamos tratando de defeitos ou má qualidade, apenas de estilos diferentes de vinhos.

Alguns deles, exigem “manual do usuário” e paladar apurado para serem corretamente apreciados, além de um significativo desembolso financeiro.

Valem a pena?

Vinho da Semana: espumantes são vinhos versáteis que agradam a qualquer momento.


Aracuri Brut$
Elegante e refrescante de perlage fina e abundante. No aroma destacam-se as notas de damasco, raspas de limão e pão fresco. Paladar é envolvente e cremoso com acidez cativante.
Harmonização: frutos do mar; peixes em geral; carnes brancas; molhos pouco condimentados; legumes crus e queijos leves.




Premiações:
– Top Ten 2015 – Categoria Espumantes Nacionais – ExpoVinis Brasil 2015
– Medalha de Prata – Grande Prova Vinhos do Brasil 2015
– Medalha de Prata – VII Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, 2014.
– Medalha de Prata – Vinus del Bicentenario – Concurso Internacional de Vinos Y Licores, Argentina, 2014.
– Medalha de Prata – Effervescents du Monde, França, 2013.
– Seleção 2013 de Vinhos Brasileiros – VII Vinum Brasilis, Brasil, 2013.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Festivais do Vinho em 2016

Mesmo em tempo de vacas macérrimas, sonhar não custa nada. O tema vínico de hoje é uma pedida antiga de alguns leitores que, como eu, sonham em viajar o mundo em rotas de enoturismo.
Selecionamos alguns roteiros, sem esgotar o assunto. São festas bem conhecidas. Em qualquer delas, diversão garantida.

FEVEREIRO/MARÇO – Festa da Uva, Caxias do Sul
Tradicionalíssimo evento brasileiro, cheio de atrações. Celebra a pujança e o êxito do imigrante italiano naquela região: sem eles não existiria o vinho brasileiro.
Neste ano o evento acontece entre os dias 18/02 e 06/03.
Bom programa!

MARÇO – Festa da Vindímia em Mendoza
Tendo como ponto central o espetacular evento que ocorre no Teatro Grego (sábado 5 de março), esta festa começa realmente no mês de fevereiro onde se pode participar de uma colheita ou do início de uma vinificação.
O enoturismo na Argentina é muito bem desenvolvido e a maioria das vinícolas têm orgulho em receber visitantes e fazê-los se sentir em casa.
Degustações em todos os lugares, difícil não passar da conta…
A celebração principal é um espetáculo gigantesco que acontece num teatro ao ar livre especialmente projetado para isto: são 22 mil lugares.
Imperdível!
Reservem com muita antecedência, a cidade fica lotada.

fest 1

MARÇO/ABRIL – Festas da Vindímia no Chile
São divididas pelos diversos vales produtores. Quase todas as vinícolas participam de eventos que incluem atividades populares, demonstrações gastronômicas e grandes degustações de vinho.
O portal turístico oficial do Chile apresentou a seguinte programação:

Festa da Vindima do Vale de Colchagua (7-9 de março)
A festa se realiza na Praça de Armas de Santa Cruz, o epicentro de todas as atividades vitivinícolas que se realizam durante o ano no Vale de Colchagua.

Festa da Vindima do Vale de Curicó (27-30 de março)
É a mais antiga festa do Chile com estas características que se celebra na cidade de Curicó, localizada a 190 km ao sul de Santiago.
Um dos pontos altos desse encontro é a pesagem da rainha da festa, colocando-a num lado da balança, e do outro lado garrafas de vinho. Além disto há uma fonte em que a água é substituída por vinho.

Festa do Vinho em Pirque (4-6 de abril)
A pequena cidade de Pirque (a 45 minutos do centro de Santiago) faz parte do Vale de Maipo, de onde provêm os mais clássicos Cabernet Sauvignon do Chile. Participam vinícolas como Cousiño Macul, Concha e Toro, Haras de Pirque e Pérez Cruz, entre outras.

Festa da Vindima Casablanca (12-13 de abril)
Casablanca fica localizada a 40 km a oeste de Santiago. Este ano participarão mais de 10 vinícolas e, no evento, poderão ser degustados seus Sauvignon Blanc, Pinot Noir, Syrah e outras variedades de tintos. Cada vinícola terá um ponto de degustação e venda de seus vinhos, além de um balcão exclusivo para os espumantes do Vale.
(Existe uma divergência entre as datas sugeridas no portal de turismo e os sites de algumas operadoras de enoturismo. Confirmem antes de decidir viajar)

ABRIL – Adegas Abertas na cidade de AHR, Alemanha
Evento de um único dia. Neste ano será no sábado 16/04. 15 produtores abrirão suas portas para receber os visitantes.
Cursos, degustações, entre outras atividades, estarão disponíveis para os que apreciam os famosos Spätburgunder (Pinot Noir) da região.

JUNHO – Festival do Vinho de Bordeaux
São 4 (quatro) dias de festas entre os dias 23/06 e 26/06. O evento mais interessante é a feira a céu aberto. São 2 Km ao longo do rio Gironde, uma verdadeira rota do vinho, com diversos expositores.

fest 2

JUNHO – Batalha do Vinho – Haro, Espanha
Este evento é para quem gosta de se lambuzar de vinho. Vale tudo para encharcar quem está ao alcance de garrafas, jarros, galões e até pistolas de água carregadas com vinho.
Festa tradicionalíssima que é conhecida nos quatro cantos do planeta.
Celebra-se no dia 29/06.

fest 3

JULHO – Festa do Vinho Californiano em Santa Bárbara
Comemora seu 13º ano entre os dias 13/07 e 16/07. Em 2014, esta festa ganhou um prêmio da revista Trip Advisor. São mais de 70 vinícolas apresentando seus produtos na orla da praia, num cenário de tirar o fôlego. Os ingressos para os jantares oficiais, cursos e degustações dirigidas, são disputadíssimos.
Aliás, os EUA são pródigos neste tipo de festivais. Há para todos os gostos, inclusive alguns no inverno.

Boa viagem e ótimos vinhos!

Vinho da Semana: a dica foi rebatizada! Para celebrar isto, uma boa escolha.


Armador Sauvignon Blanc 2014 – $
Notas herbáceas e cítricas dominam os aromas.
Em boca é fresco e mineral, com concentração dos sabores cítricos.
Harmoniza com saladas verdes, peixes leves e crustáceos grelhados, e queijos de cabra.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O inacreditável preço do vinho no Brasil

Batemos muito nesta tecla, mas nem todos os nossos leitores entendem a importância deste fato. Viajantes, dependendo de seu destino e conhecimento deste mercado, muitas vezes são surpreendidos ao encomendar um vinho na carta de um bom restaurante ou mesmo numa loja especializada: são ridiculamente baratos se comparados aos nossos preços, vinho por vinho.
Um amigo e companheiro de excelentes jornadas enológicas, MSB, fez a sugestão que acatei com entusiasmo: por que não fazer uma coluna comparando preços daqui e do exterior.
Vamos a ela!
Para entender tudo, aqui estão as regras deste jogo:

- São 3 grupos de vinhos, cada um com um espumante um branco e um tinto;
- Cada grupo representa, hipoteticamente, uma faixa de preço e de qualidade dos vinhos;
- Procuramos por vinhos consagrados no nosso mercado.
- Taxa de conversão usada – 1 USD = R$ 4,00. Todos os preços estão em dólares.
- Os preços apresentados representam a média do que foi anunciado em lojas virtuais e sites de pesquisas.
- O cálculo da variação foi feito entre os preços do país de origem e do Brasil.


1 – Vinhos Básicos

- Prosecco Dedicato Extra Dry (ITA)
- Santa Rita 120 Sauvignon Blanc (CHI)
- Finca La Linda Malbec (ARG)

Tipo Brasil EUA P. Origem Variação
Esp.

11.25

14.85

5.39

209%
Bco.

10.40

5.00

4.20

248%
Tto.

16.25

9.00

8.12

200%

2 – Vinhos Médios

- Alma Negra Brut Nature (ARG)
- Louis Latour Chablis (FRA)
- Quinta do Crasto Vinhas Velhas (POR)

Tipo Brasil EUA P. Origem Variação
Esp.

32.15

17.00

16.00

200%
Bco.

41.00

24.00

19.06

215%
Tto.

70.00

34.00

30.00

233%

3 – Vinhos Top

- Champagne Veuve Clicquot (FRA)
- Cervaro Della Sala (ITA)
- Caymus Cabrnet Sauvignon 40th anniversary (USA)

Tipo Brasil EUA P. Origem Variação
Esp.

87.50

24.00

43.00

203%
Bco.

126.00

45.00

37.00

341%
Tto.

178.00

95.00

95.00

187%

Comentários finais

Está é uma pequena amostra deste universo. Alguns vinhos pesquisados chegaram a ter sobre preços da ordem de 500%, o que consideramos uma distorção. Não incluímos preços de frete, no Brasil.

Estas diferenças se devem principalmente a uma abusiva taxação e também à margens gananciosas de alguns importadores. O resultado prático é uma retração deste mercado o que vai prejudicar comerciantes e consumidores.

Não pensem que os vinhos nacionais vão se beneficiar disto, acabaram ficando ainda mais caros que os importados, sem falar que não são comparáveis em qualidade (há exceções).

Uma pequena amostra: (vinhos de básicos a médios, padrão Brasil)

- Tinto – Dal Pizzol Merlot – USD 15.00
- Espumante – Cave Geisse Brut Nature – USD 20.00
- Branco – Salton Virtude Chardonnay – USD 22.50

Sem comentários... 

Vinho da Semana: para alegrar um pouco a vida.

Diamandes Perlita Chardonnay 2013

Oferece um delicioso sabor frutado com notas de pêssegos, peras brancas e manga.
Bom nível de acidez e frescor.
Harmonização: é um vinho bem equilibrado, muito agradável que pode ser servido como aperitivo ou como acompanhamento de entradas e pratos de peixe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Conselhos que valem ouro

A primeira coluna do ano tem que ser especial. Estamos, em nosso país, numa época em que grandes mudanças se descortinam, sejam elas para melhor ou para pior. Mas ficar do jeito que está não é mais possível.


O mundo do vinho, que fica menor a cada dia e mais restrito do ponto de vista financeiro, não é diferente: há enormes alterações em curso, começando pela abusiva nova taxação, como se enófilos fossem os responsáveis por todo o caos econômico.


Mas, sempre pagamos o pato. Vinho é bebida das “zelites”, pecado mortal segundo a cartilha dos atuais mandatários brasileiros. Trabalhar honestamente e desfrutar das boas coisas da vida com o resultado disto é simplesmente inconcebível, por uma simples razão: eles não sabem como fazê-lo...


A primeira coisa que se deve ter em mente para degustar um vinho, mesmo que seja o mais básico, é ter boas maneiras. Este é o início de tudo.


Alguns conselhos eternos:


- Sempre convide alguém significativo para dividir a sua garrafa;


- Num restaurante, simplesmente inove e peça à sua companhia feminina (ou vice-versa) que escolha o vinho. Caso decline, sugira um branco, um rosé ou um Pinot Noir. Melhor apostar nos vinhos leves;


- Ficou encarregado de comprar ou levar os vinhos? Não se assuste, existem alguns truques que facilitam esta tarefa, mas precisamos saber, pelo menos, o número de convidados;


- Calcule 1 garrafa para 3 ou 4 pessoas e acrescente mais uma para ser ofertada ao anfitrião. Experimente levar mais de uma opção de cada estilo;


- Se for para uma refeição (almoço ou jantar), comece com um branco ou um rosé para “fazer a boca”, seguindo com o vinho tinto. Para encerrar, um vinho de sobremesa ou fortificado e um espumante para o brinde final. Este último, se preferirem, pode ser o vinho de boas-vindas;


- Cabe a quem estiver encarregado do vinho as funções do Sommelier: abrir as garrafas, servir pelo menos a 1ª rodada, garantir que todos os vinhos estejam nas condições de consumo ideal. Vinhos brancos, rosés e espumantes devem ser transportados gelados. Para isto, usa-se bolsas térmicas ou mantas próprias congeladas. Para os tintos tenha sempre um decantador ou um aerador. Balde com gelo é sempre muito útil. Se a reunião não for na sua residência, peça ao anfitrião que providencie este item;


- O vinho acaba sendo, naturalmente, um dos assuntos da reunião, seja porque é bom ou por não ter agradado como o esperado. Ser o expert da sua turma é correr este tipo de risco. Só se manifeste se pedirem sua opinião. Entenda que ao trazer os vinhos, você já indicou as suas preferências. Evite ser muito técnico, pode acabar recebendo a temida pecha de enochato;


- Esta mesma atitude pode ser aplicada num restaurante. Caso sua opção esteja em falta e o Sommelier lhe ofereça uma alternativa, escute primeiro as razões dele antes de contestar ou aceitar a oferta;


- Nestas situações aposte nos vinhos clássicos e consagrados. Guarde as inovações para ocasiões menos formais e com um grupo menor e mais fácil de controlar;


- Lembre-se que todas as suas atitudes estarão sendo observadas por todos. Faça o seu ritual discretamente, aprecie os aromas antes de degustar um gole, segure a taça da maneira que lhe for mais confortável e deixe de lado aquelas afetações como não tocar no bojo para não aquecer o vinho ou marcar o cristal com “impressões digitais”.


Não deixe que estas pequenas coisas lhe tirem o prazer de desfrutar de um bom momento.


“Existe mais filosofia numa garrafa de vinho que em todos os livros".

(Louis Pasteur)


Saúde!


Vinho da Semana: o verão pede vinhos leves e fáceis de beber.

Altano branco 2014

Uma das melhores relações qualidade/preço de Portugal.

Elaborado com uma saborosa coleção de castas - Malvasia Fina, Viosinho, Rabigato e Moscatel Galego.

Mostra um bouquet aromático, repleto de notas de fruta.

No palato é fresco e marcante.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Sobre as "Dicas da Semana"

Nesta última coluna de 2015 vamos tenta atender a uma das nossas leitoras mais assíduas. Eis o simpático email que nos enviou em novembro:

“Tuty,
Adoro suas colunas e sempre que possível mando email perguntando alguma coisa. Ontem me ocorreu uma coisa que pode ser uma sugestão pra vc pensar numa coluna. Uma seleção de todas as dicas da semana. Os top 20 ou os top 10, ou sei lá o quê... Algumas foram fáceis de encontrar, outras difíceis mesmo encontrando, pelo preço, mas acho que valeria a pena fazer uma seleção das melhores, embora sejam todas boas, sempre haverá as melhores.
Por tipo de vinho, por cifrõeszinhos, por país produtor, por tipo de uva e por aí vai... acho que daria uma boa série de colunas ou estou enganada?
É apenas uma sugestão, prometo não ficar aborrecida se vc não aceitá-la, ok? rs
Maria Lucia-Salvador”

A ideia é muito boa, mas existem alguns complicadores que impedem que as sugestões da Maria Lucia sejam atendidas completamente. Explico:

1 – Nunca recebemos um retorno específico sobre qualquer das mais de 240 dicas sugeridas desde 2011. Curioso, mas verdadeiro.
Houve reclamações como ‘cadê os vinhos caros ($$$)’ ou mesmo um comentário sobre a impossibilidade de comprar uma ou outra dica em algum remoto recanto brasileiro.
Até hoje nunca descobrimos se alguma indicação foi considerada boa ou ruim pelos leitores...
Isto posto, não temos como fazer uma relação de melhores (Top 10). O ideal seria que este ranking fosse feito com base na experiência dos leitores.

2 – Outro fator que se perdeu ao longo destes 4 anos foi a escala de preços. Nossa economia variou muito e o mercado de vinhos, mesmo em relação aos vinhos nacionais, é muito sensível à mudanças na taxa cambial e no regime fiscal. Manter a lista dos preços atualizada e corrigida ao longo deste tempo seria uma tarefa para um bom economista e não para um enófilo.
Portanto, a classificação por faixa de preços simplesmente não pode ser organizada.

3 – O último fator, que não ajuda em nada este tipo de trabalho, é que muitos dos vinhos indicados já não existem mais à venda. Safras são limitadas e muitas vezes o produtor de um determinado rótulo decide, por razões mercadológicas, não mais produzi-lo.

Mas ainda há muita informação útil e divertida. Vamos tentar atender ao máximo aos nossos leitores mais curiosos.

Dicas Duplicadas

Compilada a listagem, para nossa surpresa descobrimos que alguns vinhos foram indicados mais de uma vez. Eis a listinha:

Abril 2013 - Coyam Orgânico (CHI)
Junho 2013 - Coyam 2010
É o mesmo vinho, aliás excelente.

Março 2015 - Dal Pizzol Merlot (BRA)
Julho 2015 - Dal Pizzol Merlot
Novamente, repetimos o vinho. Este parece ser um favorito nosso.

Nesta segunda relação estão vinhos que foram indicados em safras diferentes. Sinal que são realmente boas opções:

Julho 2011 e outubro 2014 - Innominabile Lotes III e IV (BRA)
Agosto 2011 e abril 2014 - La Flor de Pulenta Cabernet Sauvignon (ARG)
Julho 2013 e novembro 2014 - Memoro Rosato (ITA)
Junho 2014 e novembro 2015 - Petalos del Bierzo (ESP)
Fevereiro 2011 e maio 2014 - Tilia Malbec Syrah (ARG) 1ª Dica da Semana

Múltiplas dicas e sem dicas

Em algumas colunas estávamos muito aborrecidos com as tentativas de criar reservas de mercado e outras taxações que resolvemos, como forma de protesto, não indicar nada: março e abril de 2012.

Em compensação, indicamos mais de 1 vinho em diversas colunas, eis algumas delas:
Dezembro 2011 – diversos espumantes e na coluna seguinte 9 vinhos entre tintos e brancos

Maio 2012 - apresentamos os 10 vinhos premiados na Expovinis 2012
Abril 2015 – 3 Malbec para celebrar o seu dia (17/04)
Maio 2015 – 3 vinhos premiados na Expovinis 2015

Na série em três partes, “Adoçando a Vida”, foram duas dicas por capítulo, uma para os pobres mortais e a outra, usando uma terminologia bem atual, para a turma do Lava-Jato, Zelotes, etc...

Para completar, indicamos destilados de vinho em outubro de 2011 e jogos e outros acessórios na série “Compreendendo o Vinho” de julho 2011.

Países mais indicados

Argentina – 49
Brasil – 29
Chile – 36
Itália – 32
Portugal – 21

O pais menos indicado foi a Hungria, com 1 dica apenas.

Poderíamos inferir a uva que apareceu mais vezes, mas vamos apontar apenas como uma possibilidade, a Malbec, em virtude do maior número de dicas argentinas.

Mas pode não ser verdade. Se somarmos as sugestões chilenas e francesas, entre outras, é possível que o cetro passe para a Cabernet Sauvignon, seja como varietal ou em cortes. No momento não temos como avaliar este quesito.

Safras mais indicadas

2008 – 24
2009 – 27
2010 – 28

Em noventa sugestões não havia indicação da safra. Entre eles estão vinhos que normalmente não são safrados, como Fortificados, Espumantes e edições especiais. Em outros casos, foi por falha nossa: simplesmente omitimos esta informação.

Para finalizar, neste link se encontra a relação completa com a dica desta semana, inclusive.

As colunas anteriores, organizadas cronologicamente, podem ser lidas no meu Blog, “O Boletim do Vinho”, neste endereço: www.colunadotuty.com.br

Feliz Natal e um ótimo 2016, ano de eleições municipais.

Por favor, não reelejam nenhum dos atuais Prefeitos e Vereadores de suas cidades e estados. Vamos castigar todos eles, assim como fazem conosco.

Vinho da Semana: um espumante para as festas de fim de ano.

Quinta Don Bonifácio Brut Habitat


Vinificado com as castas Uvas Chardonnay e Pinot Noir pelo método tradicional.
Apresenta coloração amarelo palha, perlage muito fina e delicada.
Aromas persistentes, lembrando pão torrado e frutas vermelhas frescas. No palato é amanteigado e muito equilibrado.
Eleito o melhor espumante da Expovinis 2012.
 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Vinhos “On the rocks”

O mundo do vinho tem aspectos muito curiosos, por exemplo, enquanto existe um lado totalmente conservador e quase engessado, como as eternas referências de Bordeaux e Bourgogne, o resto do mundo usa estratégias moderníssimas de marketing para atrair os mais variados tipos de consumidores para seus multivariados tipos de vinhos.

Dentro desta linha, existem vinhos para o público feminino, para os jovens, para fumantes de charutos e uma infinidade de outras faixas que nos fazem crer que deve existir, em alguma vinícola do mundo, um vinho elaborado especialmente para você.

A última novidade mercadológica são os vinhos produzidos para serem consumidos com pedras de gelo na taça. São vinificações especiais, em que se levou em conta a diluição por conta da água adicional do degelo. Dois produtos deste tipo estão disponíveis no nosso país, ambos vindos da França: um espumante e um rosé tranquilo.

Inveja do “whisky on the rocks” ou uma tentativa de conquistar clientes neste segmento?

Möet & Chandon Ice Imperial


Quando uma respeitada vinícola, do calibre desta, resolve colocar um novo e “revolucionário” produto no mercado, muita coisa está em jogo, a mais importante delas: o nome Möet & Chandon.

Para começar, “Ice” é uma nova classificação que se soma às tradicionais “Brut” e “Demi-Sec”. Para quem não sabe, Ice quer dizer gelo, em inglês. Pelo simples fato de usarem um anglicismo, coisa que os franceses simplesmente odeiam, indica claramente que é um Champagne para ser exportado. Não acredito que os nativos vão consumir isto.

A título de curiosidade, se em lugar do termo inglês usassem o francês, ficaria assim: “Glace Imperial”...

Aproxima-se de um espumante meio-doce. Elaborado com um corte de Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay, com uma dosagem final de 45g/l de açúcar. É muito frutado apresentando aromas de manga e goiaba, além de notas de nectarina e framboesa. No palato é amplo destacando-se um carnudo e voluptuoso sabor de salada de frutas. Doçura próxima de um caramelo ou marmelada (suspeito...). Acidez refrescante com notas de gengibre.

A foto que ilustra serve para explicar que deve ser consumido em taças próprias para Cabernet Sauvignon, com 3 pedras de gelo. Pode-se acrescentar folhas de hortelã, sementes da cardamomo, raspas de frutas cítricas, casca de pepino, gengibre ou frutas vermelhas.

O problema é seu preço nas prateleiras nacionais: quase R$ 400,00...

Rosé Piscine

Esta proposta, na mesma linha da anterior, é bem mais palatável, tanto no custo quanto no capítulo de aromas e sabores.


A cor é muito bonita e nos convida para experimentá-lo rapidamente. Óbvio que a primeira ideia é fazer a comparação com e sem gelo. Recomendamos que façam como na foto, em copos “ Old Fashioned” com duas ou 3 pedras de gelo.

Elaborado com a casta Negrete pelo Grupo Vinovalie, criado em 2006, que reúne quatro cooperativas de vinhos do país e alguns châteaux, na região sudoeste da França.

Bonita coloração rosé-salmão pálido, quase transparente, com reflexos azulados. Seu nariz é refinado, com notas de limão e morango. Paladar harmonioso, que harmoniza bem com Camarão, terrine de peixe, peixes em molhos cítricos, queijo fresco com ervas.

Numa de nossas recentes reuniões foi muito apreciado. A garrafa esvaziou em poucos minutos.

Dica da Semana: não poderia ser outro.

 Rosé Piscine

Apenas siga as recomendações:

Servir entre 8° - 11°C

BEBER ABSOLUTAMENTE COM GELO